Lisboa bate Madrid e Barcelona na procura de casas por estudantes

Na capital portuguesa a renda média cobrada a estudantes ronda os 485 euros, o preço mais caro do país. Associações académicas dizem que a situação é "quase insustentável".

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Denise Jans/Unsplash

Lisboa foi a cidade com maior número de noites reservadas para alojamento de estudantes no primeiro semestre de 2018. Estes dados dizem respeito às reservas efectuadas através da plataforma Uniplaces, que tem quartos e apartamentos para arrendar a estudantes em 36 cidades de seis países europeus.

No total o número de noites reservadas naquele período foi de um milhão e trezentas mil, o que corresponde a um aumento de 24% face ao primeiro semestre de 2017. A seguir a Lisboa, as cidades com maior número de noites reservadas foram Madrid, Porto, Barcelona e Milão.

Os últimos dados divulgados pela Uniplaces dão também conta de que o valor médio das rendas cobradas a estudantes rondou os 451 euros, o que representa uma subida de 4% face ao ano passado. Lisboa, com uma renda média de 485 euros, continua a ser a cidade portuguesa onde é mais caro estudar. Segue-se o Porto com valores médios de 407 euros e Coimbra com uma renda média de 291 euros.

Em Lisboa, a zona mais procurada é a de Arroios, onde o preço médio da renda é de 393 euros, no Porto a preferência recai sobre Paranhos (347 euros) e em Coimbra o sítio mais procurado é a Baixa (276 euros).

São preços que estão muito além daqueles que são praticados nas residências do ensino superior públicas, as que são geridas pelos Serviços de Acção Social, onde o preço médio mensal não chega aos 200 euros.

O problema é que nestas residências só existem camas disponíveis para 12% dos 113.813 alunos que se encontram a estudar fora das suas áreas de residência, segundo revelou um levantamento feito em 2017 pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (MCTES).  Segundo o ministério, às 13.971 camas actualmente existentes juntar-se-ão até 2021 mais outras duas mil no âmbito do Plano Nacional para o Alojamento no Ensino Superior, lançado em Maio passado.

A escassez da oferta pública em conjunto com os preços crescentes no mercado privado fizeram do alojamento um dos principais cavalos de batalha das associações académicas, que têm denunciado que a situação se está “a tornar quase insustentável”.

As zonas com maior carência de camas são também as que têm mais estudantes deslocados. Segundo o diagnóstico feito pelo MCTES, na Área Metropolitana de Lisboa só existem lugares para 9,2% dos cerca de 28 mil alunos de outras zonas que se encontram ali a estudar; na Área Metropolitana do Porto a oferta pública apenas garante uma cobertura de 9,7% dos 15.608 deslocados; e na região de Coimbra há camas para 10,9% dos 16.971 alunos que se mudaram para ali.

Mas não é só no sector público que existe falta de alojamentos para estudantes. Segundo a Uniplaces, o total de camas em falta face à procura existente ronda os 19.600 em Lisboa, Porto e Coimbra.

Dos alunos que em 2017 arrendaram alojamento através daquela plataforma, 82% eram oriundos de outros países e a duração média da sua estadia rondou os seis meses. 

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