Putin diz que "forças" nos EUA querem destruir o "sucesso" da cimeira com Trump

Trump responsabiliza Putin pela interferência nas eleições porque "ele é que manda". Os dois líderes falam em acordos alcançados na cimeira de Helsínquia - mas não dizem quais.

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Trump diz que Putin é o responsável pelo país e por isso responsabiliza-o pela interferência russa, em declarações posteriores à cimeira de Helsínquia EPA/Olivier Douliery / POOL

O Presidente da Rússia, Vladimir Putin, disse nesta quinta-feira em Moscovo que a cimeira com Donald Trump foi "um sucesso" mas que há "forças" nos Estados Unidos de querem esvaziá-la. Garantiu que, mesmo no actual cenário de polémica, os dois líderes começaram a melhorar as relações bilaterais e que foram feitos acordos. 

"De forma geral, a cimeira foi um sucesso e chegámos a alguns acordos. Claro que temos que ver como as coisas correm daqui para a frente", disse Putin sem adiantar dados sobre os acordos que mencionou.

Depois de uma reunião com diplomatas, Putin disse que há "forças" que tentam sabotar estes desenvolvimentos: "Vemos que há forças nos Estados Unidos que estão preparadas para sacrificar as relações entre a Rússia e os EUA à sua ambição no debate político interno americano".

Nos Estados Unidos, Trump explicou o que disse na conferência de imprensa conjunta após a cimeira de Helsínquia, no dia 16 de Julho. De forma resumida, enganou-se nas palavras, contou na segunda parte de uma longa entrevista que deu à CBS e que foi emitida nesta quinta-feira.

Trump disse que se enganou quando lhe perguntaram se considerava que a Rússia tinha interferido nas eleições de 2016, que venceu. “Numa frase fundamental das minhas declarações eu disse 'devia' em vez de 'não devia'. A frase deveria ter sido ‘não vejo motivos para NÃO ter sido a Rússia. Uma espécie de dupla negativa. Acho que isto clarifica as coisas”, afirmou também aos jornalistas, e no Twitter, antes de se reunir com membros do Congresso.

Vladimir Putin, disse Trump, é o responsável pela interferência. "Porque é ele que manda no país, tal como eu me considero responsável por coisas que acontecem neste país", disse Trump na entrevista à CBS.

Foi perguntado a Trump se concorda com os serviços secretos americanos de que a Rússia interferiu nas eleições que o elegeram. “Sim. Já o disse antes. Já o disse muitas vezes e torno a dizer que isso é verdade”, disse o Presidente dos EUA.

A investigação sobre a interferência da Rússia nas eleições norte-americanas de 2016 – com a acusação de 12 espiões russos por pirataria informática para influenciar o processo eleitoral – marcou a cimeira entre Trump e Putin na Finlândia.

Sobre o que disse a Putin durante o encontro a sós, durante duas horas e meia, em Helsínquia, Trump respondeu: “Fui muito duro com o facto de que não podemos ter interferências, não podemos ter nada disso.”

O jornalista da CBS insistiu: “Mas Putin nega a interferência. Se acredita nos serviços de secretos americanos, isso quer dizer que Putin a mentir?” Mas Trump não quis responder. “Não quero dizer se está ou não está a mentir. Só posso dizer que tenho confiança nos nossos serviços secretos.”

As declarações surgem depois de o Presidente dos EUA ter sido acusado, por críticos e comentadores, de se ter “humilhado” e “rebaixado” perante o Presidente russo na conferência de imprensa conjunta. Trump foi criticado inclusivamente dentro do Partido Conservador: o senador Lindsey Graham disse que Trump mostrou fraqueza; Newt Gingrich, ex-speaker conservador da Câmara dos Representantes (e que tem sido um dos grandes aliados de Trump), afirmou que o Presidente tinha cometido “o erro mais grave" do seu mandato.

O Presidente norte-americano revelou também que falou de temas muito importantes com Putin, como a proliferação nuclear ou a protecção de Israel. Disse que Putin considera que ele, Trump, “está a fazer um excelente trabalho” com a Coreia do Norte e expressou desejo de o "ajudar". “Acho que temos um acordo. Não há pressa. Não há mísseis a serem disparados”, disse Trump. “Não há pressa, mas gostava de ver a desnuclearização da Coreia do Norte.”  

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