Viagem musical pelo cinema italiano na Casa da Música

A Orquestra Sinfónica do Porto Casa da Música interpreta este sábado algumas das grandes bandas sonoras do cinema italiano

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A Estrada DR

A Orquestra Sinfónica do Porto Casa da Música vai acrescentar sábado mais um capítulo ao festival “Invicta.Música.Filmes”, interpretando algumas das grandes bandas sonoras do cinema italiano. O programa que cruza cinema e música, num ano em que a Itália é o país tema na Casa da Música, aborda algumas das bandas sonoras mais notáveis do cinema deste país, como sejam as de “O Leopardo” ou de “A Estrada”.

O nome comum a estes dois clássicos do cinema italiano é Nino Rota que, aliás, compôs uma das bandas sonoras mais reconhecidas de sempre, a de “O Padrinho”, que também será interpretada sábado na sala Suggia, a partir das 18h00. Os outros compositores que constam do programa, com direcção musical de Christian Baldini, são Luis Bacalov (“O Carteiro de Pablo Neruda”), Franco Mannino (“O inocente”) e Nicola Piovani (“A Vida é Bela”). De fora está o conhecido Ennio Morricone, porque como explicou o director artístico da Casa da Música, António Jorge Pacheco, “interpretar a música ao vivo do Morricone só é possível com o próprio a dirigir, porque ele não cede os direitos a ninguém”.

De qualquer forma, os seis filmes a que este programa da Orquestra Sinfónica faz referência são marcos da história do cinema e retratam várias Itálias sob o prisma de grandes cineastas. Luchino Visconti recua até ao tempo do Risorgimento e da unificação do país com “O Leopardo”, na Sicília dos idos de 1860, onde “é preciso que tudo mude, para que tudo fique na mesma”.

Na banda sonora, as danças, de Nino Rota, contrastam com épicas massas sinfónicas. Autor de cerca de 170 bandas sonoras, Nino Rota marcou a história do cinema italiano colaborando com inúmeros cineastas destacados. Com Federico Fellini foi uma relação produtiva e longa: começou em 1952 e durou até ao ano da morte do compositor. Fellini considerava-o o seu colaborador mais precioso. “A Estrada”, um dos primeiros filmes de Fellini, lembra os cenários despojados do neorrealismo ao sabor das viagens e das misérias de artistas de rua e de circo em meados do século XX. “O Padrinho”, de Francis Ford Coppola, circula entre a Máfia de origem siciliana que domina o submundo norte-americano, também em meados do século. Na partitura, Nino Rota traduz perfeitamente o ambiente sombrio que paira sobre toda a família Corleone.

A banda sonora seria desqualificada dos Óscares da Academia pelo facto de "Love Theme" ter já sido usado pelo compositor num filme anterior. No entanto, a banda sonora de O Padrinho II venceria o Óscar, apesar de fazer uso da mesma melodia. Passado no meio aristocrático italiano da última década do século XIX, “O inocente” foi o último filme de Luchino Visconti. Ao longo do filme, que aborda dramas sentimentais, são usadas composições de Chopin, Liszt e Mozart, mas é o Adagio, de Franco Mannino, para violoncelo (o instrumento preferido de Visconti) e orquestra, que dá o tom à narrativa. Roberto Benigni faz uma arriscada incursão entre a comédia e o drama no período do fascismo e dos crimes antissemitas no tempo da Segunda Guerra Mundial.

A banda sonora de “A Vida é Bela”, de Nicola Piovani, mereceu um dos três Óscares conquistados pelo filme, em 1999. O exílio de Pablo Neruda em Itália inspira uma incursão da poesia em terrenos improváveis de uma aldeia de pescadores no célebre “O Carteiro de Pablo Neruda”, de Michael Radford. A banda sonora, de Luis Bacalov, é frugal, numa fita em que são as palavras a estabelecer o ritmo.

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