Livro de Comey sobre Administração no topo dos best-seller da Amazon — e ainda nem está à venda

"O povo americano vai ouvir a minha história muito em breve. E poderá decidir por si mesmo o que é honrado e o que não é”, disse o antigo director do FBI.

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James Comey JIM LO SCALZO/EPA
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Robert Mueller Jonathan Ernst/Reuters

As memórias de James Comey chegaram ao topo da lista de best-sellers da livraria online Amazon no fim-de-semana, depois de o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ter atacado o ex-director do FBI numa série de tweets hostis — sendo que o livro ainda não está à venda.

A Higher  Loyalty: Truth, Lies, and  Leadership ("A mais elevada lealdade: verdade, mentiras e liderança”, numa tradução livre) tem lançamento marcado para 17 de Abril, mas desde que começaram as pré-vendas está na lista dos 20 títulos mais encomendados. Subiu para o topo da lista inesperadamente, quando Trump atacou Comey, saltando do n.º 15 para n.º 1 no domingo à noite.

A decisão de Trump de demitir Comey em Maio passado do ano passado regressou aos noticiários depois de Jeff Sessions, o procurador-geral (attorney general, equivalente norte-americano a ministro da Justiça), ter demitido, por ordem do Presidente, o vice-director do FBI Andrew McCabe, na sexta-feira — a escassas 26 horas da sua reforma

No Twitter, Trump deu conta da sua satisfação com a decisão, acusando o “santificado James Comey” de encobrir “mentiras e corrupção” no FBI e de passar informações para a imprensa. Criticou também Robert Mueller, investigador especial para as suspeitas de interferência russa nas presidenciais de 2016 (num inquérito desencadeado precisamente pelo afastamento de Comey), dizendo que nunca deveria ter sido iniciada uma investigação. 

Entre outras queixas, Trump criticou a actuação de Comey como director do FBI, ao ter escrito memorandos sobre suas conversas com o Presidente. “Podemos dizer que são memos falsos?”, tweetou Trump. Espera-se que Comey fale do conteúdo desses memorandos em A Higher Loyalty, embora quase nada sobre o conteúdo do livro tenha sido revelado publicamente.

Comey respondeu a alguns dos ataques de Trump no sábado — o que foi entendido como um chamariz para o seu livro. “Sr. Presidente, o povo americano vai ouvir a minha história muito em breve. E poderá decidir por si mesmo o que é honrado e o que não é”.

Ao início da manhã desta segunda-feira, A Higher Loyalty ainda estava em primeiro lugar na Amazon, seguido por Russian Roulette: The Inside Story of Putin’s War on America and the Election of Donald Trump de Michael Isikoff e David Corn. 

Nunca houve qualquer dúvida de que o livro de Comey iria voar das prateleiras das livrarias. A intriga adensa-se desde o Verão, quando os seus agentes literários revelaram que o antigo director do FBI tinha começado a trabalhar no manuscrito.

Comey tem referido frequentemente o livro nas redes sociais. Recentemente publicou uma foto de si próprio a gravar a versão áudio da obra com o comentário “desta vez há mesmo uma gravação” — uma referência à acusação, que diz ser falsa, feita por Trump, de que Comey tinha gravado as conversas entre os dois.

O último livro sobre a Administração Trump, Fogo e Fúria, criou grande agitação em Washington quando foi publicado no início de Janeiro. O livro de Michael Wolff, que estava cheio de intrigas e imprecisões, estreou no mercado no topo da lista de best-sellers do New York Times e continua a ser o livro de não-ficção mais vendido da lista das edições de capa dura.

A editora do livro de memórias da Comey, a Flatiron Books, diz que o antigo director do FBI vai partilhar “experiências nunca antes reveladas sobre as situações mais relevantes da sua carreira” e oferecer aos leitores uma “entrada sem precedentes nos corredores do poder”.

A Flatiron acautelou-se para nenhuma parte do livro chegue à imprensa antes do lançamento oficial. Não circularam rascunhos e o editor está a usar um programa informático com protecção reforçada, e são poucas as pessoas que têm acesso ao conteúdo. O livro está guardado com um nome de código e segundo o jornal Politico aqueles que têm acesso ao conteúdo assinaram acordos de confidencialidade.

Exclusivo PÚBLICO/The Washington Post

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