Ursos polares estão a ficar sem comida e podem desaparecer mais depressa do que se pensava

Estudo revela que o metabolismo destes animais é maior do que se pensava. Alterações climáticas estão a tornar a missão de encontrar alimento mais difícil.

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Reuters

Afinal, os ursos polares precisam de mais alimento do que era anteriormente pensado para sobreviverem. Ora, perante a cada vez mais árdua tarefa de encontrarem comida, os ursos polares podem enfrentar a extinção mais cedo do que se receava.

Estas são as principais conclusões de um estudo publicado na revista Science realizado pelo Serviço Geológico dos EUA e a Universidade de Santa Cruz na Califórnia. Os investigadores estudaram nove ursos polares ao longo de dois anos (entre 2014 e 2016), colocando colares com GPS nos animais e câmaras de vídeo para medir os níveis de actividade.

Os autores concluíram que estes animais possuem um metabolismo maior do que o pensado. Isto significa que os ursos polares necessitam de grandes quantidades de alimentos – preferencialmente focas – para recarregar energias. O problema é que a busca por comida tem sido cada vez mais dificultada nos últimos anos, principalmente devido às alterações climáticas.

De acordo com a investigação, os ursos polares precisam, em média, de pelo menos uma foca adulta, ou três adolescentes, a cada 10 dias para satisfazer o seu metabolismo. Cinco dos nove ursos acompanhados durante o estudo não atingiram estes níveis de alimentação.

“Encontrámos um modo de vida faminto – se não encontram focas isso terá um efeito bastante dramático”, afirma Anthony Pagano, biólogo do Serviço Geológico norte-americano e que liderou o estudo. “Ficámos surpreendidos por ver alterações tão grandes nas massas corporais, numa altura em que deveriam estar a colocar massa para se sustentarem durante o ano. Este e outros estudos sugerem que os ursos polares não são capazes de preencher as suas exigências corporais como dantes”, explica ainda.

Tem sido notado nos últimos tempos que as alterações climáticas têm provocado um aumento de temperaturas no Árctico o que, consequentemente, diminui o gelo que é fundamental para a caça dos ursos polares. Os autores deste estudo dizem que, devido a estes factores, os ursos têm de percorrer maiores distâncias para encontrar focas para se alimentarem, e este é um “importante factor que explica o declínio na sua condição corporal e sobrevivência”.

A questão da fome e da falta de alimento a que têm sido sujeitos os ursos polares saltou para a agenda mediática mundial depois da divulgação de um vídeo onde se vê um urso polar esquelético e cambaleante, desesperado por encontrar comida.

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