Candidatos de Lisboa e Porto querem metro, metro, metro

Mais metro, melhores autocarros e eléctricos a circular: só o transporte público pode salvar as cidades, defendem os candidatos

Foto
Não há candidato que não queira mais estações de metro nas duas cidades Enric Vives-Rubio

Sem mais metro não se vai lá. A conclusão é comum aos candidatos à presidência das câmaras de Lisboa e Porto quando se fala nos problemas de mobilidade que as duas cidades enfrentam. Que metro e como lá se chega é que é outra questão. Mas a necessidade de expandir as redes de transporte metropolitano não é o único ponto em comum entre candidatos quando se fala em circular e estacionar melhor.

Em Lisboa, estão todos contra o PS de Fernando Medina em relação à forma como o metro se deve expandir. Se o socialista e actual presidente da câmara concordou com a criação, anunciada pelo Governo, da chamada “linha circular”, que prevê a construção de duas novas estações da Linha Verde, a da Estrela e de Santos, todos os outros querem ver o metro ir mais além e expandir-se para ocidente e para zonas residenciais, como Campo de Ourique ou Campolide, opções já defendidas publicamente por candidatos como Teresa Leal Coelho, do PSD, ou Ricardo Robles, do Bloco de Esquerda. Mas, em matéria de expansão do metro, ninguém bate Assunção Cristas: vinte novas estações até 2030, nada mais, nada menos, é o que propõe a candidata centrista para o mandato que há-de terminar em 2021…

Ninguém pede tanto no Porto e todos os candidatos ficariam já bastante satisfeitos se lhes dessem uma só linha – a do Campo Alegre. Mas, por enquanto, ela continua a ser apenas um sonho e, enquanto o actual presidente e candidato independente, Rui Moreira, vai dizendo que a prevista Linha Rosa, entre a Estação de S. Bento e a Casa da Música, é a única possível com as verbas disponíveis, os restantes insistem na necessidade de mais reivindicação, lembrando, como Ilda Figueiredo, da CDU, que o Governo já se comprometera há uma década a construir a linha que, acrescenta Álvaro Almeida, do PSD, é essencial para melhorar a mobilidade na zona Ocidental da cidade. Manuel Pizarro, do PS, que vai gerindo o facto de até há quatro meses ter sido vereador de Moreira, concorda que, para já, não há outro remédio senão os portuenses aproveitarem o que é possível fazer, mas quer um gabinete da Área Metropolitana do Porto a trabalhar, já, em Bruxelas, para garantir fundos do próximo quadro comunitário de apoio que possam levar o metro ao Campo Alegre e mais longe ainda.

O metro pode ser o "menino querido" dos candidatos às eleições autárquicas no Porto e em Lisboa, mas junte-se-lhe os autocarros da capital e os da cidade nortenha e ouve-se novamente um discurso bastante comum a todos os candidatos: só os transportes públicos podem salvar os moradores e utilizadores das duas cidades de perderem horas desnecessárias a tentar chegar a qualquer lado.

No Porto, o processo de transferência da gestão da Sociedade de Transportes Colectivos do Porto (STCP) deixam Moreira e Pizarro a esfregarem as mãos, numa espécie de agora-é-que-vão-ver-como-isto-corre-bem. João Teixeira Lopes, do Bloco de Esquerda, também está agradado com a solução permitida pelo Governo, mas aproveita para acrescentar que bom, bom era reactivar a rede de eléctricos da cidade, e Ilda Figueiredo já avisa que quer preços comportáveis nos autocarros, propondo mesmo descontos de 50% para idosos, estudantes ou pessoas com mobilidade reduzida.

Fernando Medina promete “capacitar a Carris” e expandir a rede de eléctricos, mas em matéria dos autocarros, Teresa Leal Coelho, é mesmo a voz dissonante, ao propor a concessão de todos os transportes públicos da cidade a entidades privadas.

A criação de parques de estacionamento dissuasores à entrada das cidades, também é comum a vários candidatos (são referidos por Medina, Cristas, Pizarro, Teixeira Lopes ou Ilda Figueiredo, por exemplo), mas em matéria de estacionamento, a convergência vai parando por aqui. É preciso mais estacionamento, defendem alguns candidatos (como Leal Coelho, em Lisboa), mas o funcionamento de parquímetros já está longe de ser consensual.

Curiosamente, Assunção Cristas, em Lisboa, e Álvaro Almeida, no Porto, têm uma proposta similar nesta matéria, ao sugerirem que existam períodos de tempo de estacionamento gratuitos para os moradores de cada uma das cidades – 15 minutos, é quanto propõe o portuense, que quer também ver estas estruturas fora das zonas residenciais, 20 minutos, defende a centrista.

Sugerir correcção
Comentar