EUA suspeitam que hackers russos tenham plantado as notícias falsas que originaram crise no Golfo Pérsico

CNN dá conta de investigação levada a cabo pelo FBI no Qatar, cujas autoridades afirmam desde o início que o incidente diplomático foi desencadeado por um ataque informático.

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Funcionários norte-americanos das forças de investigação alegam que o objectivo dos russos passa por interferir nas relações do Estados Unidos com os seus aliados, Reuters/FAISAL AL NASSER

Investigadores norte-americanos acreditam que tenham sido hackers russos a plantar informações falsas na agência noticiosa do Qatar que desencadearam a mais recente crise diplomática no Golfo Pérsico. A informação é avançada esta terça-feira à noite pela CNN.

O FBI enviou uma equipa para Doha, capital do Qatar, para ajudar as autoridades locais na investigação do possível hack de que a agência foi alegadamente alvo.

O ministro dos Negócios Estangeiros do Qatar, Sheikh Mohammed Bin Abdulrahman al-Thani, revelou que o FBI tinha confirmado o ataque informático e a introdução de notícias falsas no feed da agência. “Pensamos que toda a crise está baseada em informações erradas”, disse o ministro à CNN. “Tudo começou com notícias fabricadas inseridas na nossa agência noticiosa local que foi pirateada, informação confirmada pelo FBI”, acrescentou.

O sinal de tensão no Golfo Pérsico surgiu com um ataque concertado nos meios de comunicação social sauditas que acusavam o Qatar de ser uma ameaça à unidade, estabilidade e segurança no Golfo Pérsico. Isto depois de a agência de notícias do Qatar ter atribuído ao emir Tamim bin Hamad Al Thani declarações em que este afirmava que o Qatar tinha uma relação tensa com a Administração Trump, que o Hamas era “o representante legítimo do povo palestiniano” e que o Irão era “a grande potência estabilizadora da região”. O Governo de Doha diria depois que as declarações eram falsas.

A alegada intervenção de hackers russos que desencadeou a crise no Golfo intensifica as preocupações dos serviços de informação dos EUA que investigam, a par disto, a possível ingerência russa nas eleições presidenciais de Novembro de 2016. A CNN diz que funcionários norte-americanos das forças de investigação alegam que o objectivo dos russos passa por interferir nas relações do Estados Unidos com os seus aliados, neste caso os do Médio Oriente. 

Bahrein, Líbia, Egipto, Arábia Saudita, Iémen e Emirados Árabes Unidos acusam o Qatar de apoiar o terrorismo e anunciaram a retirada dos diplomatas desse país dos seus territórios, a par de planos para cortar as ligações aéreas e marítimas.

Donald Trump não deixou passar em vão a situação do Médio Oriente e veio, esta terça-feira, dizer que a sua visita à Arábia Saudita “já está a dar resultados”, sugerindo que foi ele quem provocou o isolamento do Qatar. "Durante a minha recente visita ao Médio Oriente, disse que não podia haver financiamento da ideologia radical. Os líderes apontaram o dedo ao Qatar”, escreveu no Twitter. “A minha viagem já está a dar resultados. Eles disseram que iriam optar pela linha dura quanto ao extremismo. Talvez este seja o início do fim do horror do terrorismo”, escreveu, sugerindo que foi ele quem incentivou o isolamento do Qatar.

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