Governo alemão preocupado com últimas medidas de Trump no comércio

Casa Branca vai analisar nos próximos 90 dias quais os produtos e países responsáveis pelo défice comercial norte-americano.

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Donald Trump no momento em que se preparava para assinar as ordens executivas sobre comércio LUSA/Olivier Douliery / POOL

A ministra da Economia alemã criticou este sábado as mais recentes decisões adoptadas pela Casa Branca no que diz respeito à política comercial, afirmando que mostram uma vontade dos EUA “se afastarem do comércio livre e dos acordos comerciais”.

Na sexta-feira, Donald Trump assinou duas ordens executivas que têm como objectivo combater os défices comerciais registados sucessivamente pela economia norte-americana. Numa ordem, o presidente dos EUA reforça os mecanismos que permitem efectivamente cobrar as tarifas mais elevadas que se aplicam nos casos em que se considera que o parceiro comercial violou as regras anti-dumping e de limitação de subsídios. A outra ordem executiva assinada por Trump prevê a realização durante os próximos 90 dias de um relatório que identifique os produtos e os países que são responsáveis pelo défice comercial norte-americano.

É esta segunda ordem que preocupa a ministra alemã. Brigitte Zypries disse que, embora não haja ainda medidas concretas, as decisões da Casa Branca “mostram que os EUA querem obviamente afastar-se do comércio livre e dos acordos comerciais” e defendeu que “é preciso procurar um diálogo construtivo e explicar que as razões para o défice comercial norte-americano não se encontram apenas no estrangeiro”.

No dia anterior à assinatura das ordens executivas, Donald Trump deixou na sua conta do Twitter uma mensagem dirigida especificamente à China, escrevendo que “a reunião da próxima semana com a China será bastante difícil porque não podemos manter défices comerciais massivos e perdas de empregos” e concluindo que “as empresas americanas têm de estar preparadas para olhar para alternativas”.

Mas se o foco parece estar dirigido à China, também a Alemanha é um alvo potencial de uma mudança de política comercial por parte dos EUA. A economia norte-americana tem registado défices elevados com a Alemanha e um dos principais conselheiros de Trump para o comércio acusou recentemente a Alemanha de explorar os seus parceiros da zona euro e de manter o euro artificialmente subvalorizado, o que lhe daria uma vantagem no comércio face aos EUA.

No entanto, até agora, apesar das intenções manifestadas antes e depois da tomada de posse, a Administração Trump ainda não passou à prática qualquer alteração significativa na sua política comercial com a Europa, não sendo claro que tipo de medidas podem vir a ser tomadas.

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