PS e PCP: onde a "geringonça" pode fazer faísca

Comunistas e socialistas vão disputar poder em várias autarquias do sul do país.

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Em Loures, Bernardino Soares ainda não sabe quem será o seu adversário socialista Nuno Ferreira Santos

O Bloco de Esquerda não é um partido com grande implantação autárquica e, por isso, não se prevêem muitas disputas entre o BE e os outros parceiros de "geringonça" ao nível local. Mas o mesmo não se pode dizer em relação à CDU, que engloba PCP e PEV.

Em 2013, a CDU foi a terceira força nas eleições autárquicas, a seguir ao PS e ao PSD. Obteve 213 mandatos, 34 dos quais respeitantes a presidências da câmaras. Ao todo, 29 autarcas comunistas foram eleitos com maioria absoluta.

Não foi o caso de Bernardino Soares, o ex-deputado que recuperou a Câmara de Loures para os comunistas, após 12 anos de gestão socialista. Em 2013, quando Pedro Passos Coelho ainda estava no Governo, Bernardino Soares protagonizou uma das mais acesas disputas entre PS e PCP em zonas urbanas. Ganhou com maioria relativa e hoje, a nove meses das eleições, gere a câmara com o apoio de Fernando Costa, o vereador do PSD que lhe viabiliza os orçamentos e não só.

Loures é uma das autarquias onde a geringonça pode fazer faísca em 2017. Se o PS assumir o desejo de a reconquistar e apresentar um candidato de peso, a vida do presidente Bernardino Soares nao estará facilitada – até porque Fernando Costa não voltará a ser o candidato do PSD à câmara.

Há outros casos. Em Nisa, será a CDU a lutar para recuperar a autarquia perdida para o PS em 2013, depois de quase 40 anos de poder comunista. No Crato, concelho tradicionalmente comunista, o PS também ficou à frente da CDU por 114 votos, num resultado passível de ser revertido quatro anos depois. Na Chamusca e em Vendas Novas a guerra promete ser dura, com os comunistas a quererem recuperar o poder.

Pelo contrário, Évora, Vila Viçosa, Cuba, Beja, Grândola e Alcácer do Sal são seis exemplos de concelhos cujas câmaras estavam nas mãos dos socialistas em 2009 e que foram parar às dos comunistas em 2013. Aqui são esperados mais focos de tensão, a menos que CDU e PS aprovem um pacto de não-agressão autárquica para não prejudicarem a solução governativa encontrada em Novembro de 2015.

Se esse cenário – de ausência de disputa à esquerda – já parecia improvável antes, depois do chumbo da redução da Taxa Social Única no Parlamento, provocado pela apreciação parlamentar pedida pela esquerda, parece-o ainda mais. Acresce que, entretanto, o PCP anunciou outra apreciação parlamentar capaz de fazer mossa aos socialistas: a do diploma que aprovou a municipalização a Carris, cuja gestão o Governo entregou à Câmara de Lisboa. Se há coisa que os comunistas parecem ter bem presente é que que a "amizade" no Governo não tem empata negócios autárquicos.

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