Há um ano Medina pediu um “novo ciclo”, agora elogia-o

Presidente da Câmara de Lisboa tem, desta vez, a seu lado o Presidente da República e um Governo em plenitude de funções.

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Fernando Medina sucedeu a António Costa na presidência da câmara de Lisboa Daniel Rocha

O 5 de Outubro passado não foi feriado, Cavaco Silva não participou nas comemorações por ser “tempo eleitoral” e os resultados das legislativas, realizadas na véspera, enchiam as conversas da Praça do Município de Lisboa com uma incerteza pouco habitual. Desta vez tudo é diferente, excepto Fernando Medina.

O autarca que há um ano pediu “um novo ciclo de compromisso” aos partidos está, agora, em posição de o avaliar. Com Marcelo Rebelo de Sousa a seu lado, e António Costa como primeiro-ministro, Medina pode dizer que acertou na sua tónica sobre a necessidade de “uma cultura de compromisso”. Em 2016, isso até pode valer um elogio expressivo ao novo clima de reforço de confiança nas instituições. Um elogio a repartir entre Presidente, primeiro-ministro e Parlamento, dada a ausência de conflitos constitucionais relevantes após a “mudança” que o presidente da Câmara de Lisboa defendeu, no ano passado.

As suas “três mensagens” de 2015, não foram, na altura, completamente compreendidas. Medina pediu “um país comprometido com a Europa e a moeda única”, ao mesmo tempo que defendeu uma mudança na política económica e social, protagonizada por partidos que tinham na rejeição da austeridade “um ponto nuclear dos seus programas” e, por fim, para dificultar ainda mais, que isso constituísse “uma solução de governabilidade estável”. A baliza parecia estreita, mas António Costa garante que a respeitou, com a ajuda do BE, do PCP e do PEV.

O ciclo político, porém, só termina com as autárquicas de 2017 e Medina tem aí um papel determinante. Lisboa pesará na avaliação que se fizer sobre vencedores e derrotados nos principais partidos. Por isso, parte do discurso do autarca será dedicado à importância das cidades, sobretudo num tempo em que integração de refugiados está a mudar o mapa político na Europa. Medina pode aproveitar a oportunidade para realçar o papel das cidades, e do cosmopolitismo, como contraponto ao discurso xenófobo emergente.

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