Marcas de moda e desporto da Sonae já asseguram mais de 50% das vendas no estrangeiro

Salsa, Zippy, Mo e Sport Zone estão em 80 países. Lucros do grupo caem 21% no primeiro semestre.

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Com a aquisição da Salsa, Sonae passa a ter produtos em 80 países Patrícia Martins

A Sonae quer falar menos de países e mais de geografias e assumir-se como uma multinacional. E, nesta estratégia de expansão internacional, o objectivo é conseguir metade das vendas do grupo (entre retalho alimentar, especializado, centros comerciais ou serviços tecnológicos) fora do país “num par de anos”. Luís Filipe Reis, da administração da Sonae (dona do PÚBLICO), adianta que no primeiro semestre as vendas internacionais cresceram 14% e que, hoje, “mais de um terço das vendas da Sonae SR [retalho especializado, incluindo a Worten] já são feitas internacionalmente”. Considerando apenas as marcas de moda e de artigos de desporto – Zippy, Sport Zone, Mo e, mais recentemente, a Salsa – mais de 50% das vendas são asseguradas fora de portas e em 80 países diferentes.

“É cada vez menos relevante falar em países. A Sonae é cada vez mais uma multinacional e tem de assumir mais um discurso de grandes geografias”, diz Luís Filipe Reis. A recente aquisição de 50% da Salsa servirá este propósito: o plano é acelerar a expansão internacional, investir 50 milhões de euros em cinco anos e abrir 50 lojas desta marca portuguesa, a maioria fora de Portugal.

A entrada em novos mercados vai continuar a acontecer este ano, não só com a Zippy (que abre a primeira loja na Ucrânia e que entre lojas próprias e franquias já tem produtos em 40 países), mas também com os produtos de marca Continente que vão chegar à Rússia ou ao Gabão. A cadeia de hipermercados da Sonae também terá a sua primeira loja em regime de franchising nos Emirados Árabes Unidos em 2017. A estreia em África do Continente continua na agenda, mas sem negócios concretizados para já.

Nos primeiros seis meses do ano, os lucros da Sonae caíram 21% para 77 milhões de euros, considerando o resultado atribuível ao accionista. Luís Filipe Reis sublinha que os resultados directos cresceram (18%) e que o resultado líquido desce, tendo em conta que a valorização das propriedades (centros comerciais) o ano passado foi superior à que se verificou este ano. “Há ainda um efeito negativo: um registo contabilístico na participação que tínhamos na Nos que também afecta o resultado indirecto, mas não valores no cash. Os resultados líquidos directos crescem”, sustenta.

Foi graças ao retalho alimentar (Continente) e especializado que o volume de negócios cresceu 4,4% para 2431 milhões de euros. Continente, Meu Super e Continente Bom Dia conseguiram aumentar as vendas em 3,6% para 1691 milhões de euros, com um reforço (não revelado) “da quota de mercado do Continente num mercado maduro e competitivo”. Este crescimento não reflecte um maior dinamismo no consumo em Portugal, mas sim a aposta dada aos preços, ou seja, às promoções.

“O aumento de vendas é feito num contexto de mercado estável e o consumo privado não dá sinais de recuperação. A agressividade promocional é bastante forte e é nesse contexto que o Continente se insere”, explica. O “investimento em preço” – “feito sem prejuízo da rentabilidade operacional” – é complementado com promoções mais direccionadas para produtos valorizados pelos clientes, nomeadamente os frescos. No âmbito desta estratégia, as lojas passaram a comprar frutas e legumes localmente.

No retalho especializado, o volume de negócios foi de 614 milhões de euros, uma subida de 5,5%. Na moda e desporto, com as marcas Sport Zone, Zippy e Mo, o volume de negócios aumentou de forma expressiva para 210 milhões de euros (mais 14,6%). Esta evolução foi motivada pela inclusão da Losan, marca de moda infantil comprada pela Sonae no final de 2015.

O grupo tem reforçado a aquisição de empresas e aumentou o investimento de 116 milhões de euros para 208 milhões.

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