Rentabilidade do novo produto de poupança do Estado é inferior à dos certificados do Tesouro

Tal como na primeira emissão, as OTRV só serão mais vantajosas se a taxa Euribor subir.

Foto
Aplicação de poupanças nas OTRV também deve ser avaliada pelo lado dos custos. Pedro Cunha

A rentabilidade da segunda emissão de Obrigações do Tesouro de Rendimento Variável (OTRV), cuja subscrição arrancou esta quarta-feira, é inferior à de outro produto do Estado, os Certificados do Tesouro Poupança Mais.

Uma análise da Proteste Investe, da Deco Protesto, conclui que, tal como já acontecia na primeira emissão de Obrigações do Tesouro destinadas a particulares, lançada em Maio, a rentabilidade do novo produto de captação de poupança só se tornará mais atractiva se a taxa Euribor recuperar valores positivos, o que não acontece actualmente. A taxa é composta por Euribor a seis meses, que como está negativa assume o valor de zero, acrescida do prémio fixo de 2,05%. Depois de impostos (28%), a taxa cai para 1,5%.

Os Certificados do Tesouro Poupança Mais (CTPM) oferecem uma taxa média depois de impostos de 1,6%. Esta taxa também pode subir, uma vez que tem associado um prémio indexado ao PIB, a atribuir nos últimos dois anos.

As duas aplicações, com o prazo de cinco anos, apresentam um factor de diferenciação, especialmente nas aplicações de baixos montantes. Trata-se “das elevadas comissões cobradas pelos bancos colocados na colocação das OTRV. Entre outras, são cobradas comissões no momento da subscrição, pela guarda dos títulos, pelo pagamento de juros e por reembolso de capital.

Os CTPM, comercializados aos balcões dos correios, não pagam qualquer comissão.

Pelo peso das comissões, António Ribeiro, economista da Deco Proteste, considera que não é aconselhável aplicar menos de cinco mil euros. O especialista em poupança admite ainda que, dado o peso das comissões, que variam de banco para banco, só deverão ser aplicados valores acima de 10 mil euros, ou mesmo 20 mil euros.

A Deco Proteste aconselha os aforradores a pedirem uma simulação de custos, de forma a conhecerem a taxa de rentabilidade líquida do investimento, antes da sua subscrição.

Ao contrário do CTPM, que podem ser regatados antes dos cinco anos, recuperando todo o capital investido (havendo perda de juros se for feita antes do seu pagamento anual), o resgate antecipado do novo produto não garante a recuperação integral da aplicação.

As OTRV podem ser vendidas antes de Agosto de 2021, na bolsa de Lisboa, a Euronext, ou fora desta, mas sujeitas às condições de mercado a cada momento, nomeadamente de liquidez e preço, podendo este ser inferior ou superior ao valor anteriormente pago na subscrição.

As OTRV, com vencimento em Agosto de 20121, poderão ser subscritas até 9 de Agosto e implicam um investimento mínimo de mil euros e máximo de um milhão. O pagamento de juros é semestral.

Com esta operação, o Estado pretende colocar 500 milhões de euros, mas o montante pode subir.

Sugerir correcção
Comentar