Obama: "A América não está tão dividida como alguns sugerem"

Atirador de Dalas agiu sozinho e guardava um pequeno arsenal de guerra em casa, incluindo materiais para fabricar explosivos.

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"Não é verdade" que os Estados Unidos estejam a regressar à "situação dos anos 60". Jonathan Ernst/Reuters
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A casa do suspeito Micah Xavier Johnson REUTERS/Erwin Seba
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Agência divulgou fotos que o suspeito Micah Johnson tinha no seu perfil do Facebook via Facebook/via REUTERS

Ao contrário do que se sugeria, as autoridades americanas entendem que Micah Johnson foi o único atirador na emboscada da noite de quinta-feira em Dalas, no Texas, onde matou cinco polícias e feriu outras nove pessoas, no dia mais sangrento para as forças de autoridade norte-americanas desde o 11 de Setembro. A polícia descobriu também que Johnson, veterano da guerra no Afeganistão, guardava um pequeno arsenal de guerra em casa e tinha material para a construção de explosivos.

Os investigadores em Dalas encontraram em casa do atacante “materiais para a construção de bombas, coletes à prova de bala, espingardas automáticas, munições e um diário de tácticas de combate”, fazendo referência aos pequenos “manifestos” de estratégias militares que o homem de 25 anos escrevia. Durante o impasse com a polícia, Johnson disse que plantara bombas improvisadas “por todo o sítio”, mas isso não se veio a confirmar.

A investigação afirma agora que Johnson foi o único atirador na noite de quinta-feira, embora a início os próprios agentes tivessem dito que existiam mais atacantes na emboscada de quinta-feira. Johnson, alvo de um processo de assédio sexual no exército americano enquanto estava no Afeganistão, que encurtou o seu destacamento para seis meses, vivia com a sua mãe, não tinha cadastro ou ligações a grupos terroristas internacionais.

“Não podemos permitir que as acções de poucos nos definam a todos”, afirmou este sábado Barack Obama, em Varsóvia, depois de anunciar que vai antecipar o seu regresso aos Estados Unidos para ir a Dalas. “O indivíduo demente que fez este ataque em Dalas não é mais representativo de afro-americanos que o atacante de Charleston [Dylann Roof] é representativo dos americanos brancos, ou que os atacantes de Orlando ou San Bernardino eram representativos de americanos muçulmanos. Eles não falam por nós. Não é isso que somos.”

Enquanto Obama falava em Varsóvia, milhares de norte-americanos protestavam novamente este sábado contra a violência policial que atinge a comunidade negra, motivados pela morte esta semana de dois homens negros à mão de polícias brancos, em condições suspeitas. Uma das maiores manifestações ocorria em Atlanta, na Georgia, onde milhares de pessoas forçaram o fecho de uma auto-estrada.

“Tão dolorosa quanto esta semana tenha sido, acredito firmemente que a América não está tão dividida como alguns sugerem”, disse o Presidente dos Estados Unidos na capital polaca, no segundo dia da cimeira da NATO. “Americanos de todas as raças e origens estão justamente revoltados com os ataques contra a polícia em Dalas ou em qualquer outro lugar. Isso inclui manifestantes”, afirmou.

Obama defendeu os protestos em torno da violência policial contra a comunidade negra, como já o havia feito na semana passada, comentando a morte de Arlon Sterling e Philando Castile, abatidos quando aparentemente não representavam perigo para os polícias que os mataram. “Não é verdade” que os Estados Unidos estejam a regressar “à situação da década de 1960”, onde se repetiam motins de protesto contra o tratamento das pessoas negras.   

“Uma das coisas que esta semana me deu esperança foi ver a maneira como a esmagadora maioria dos americanos tem reagido: com empatia, compreensão”, prosseguiu Obama. Vimos a polícia continuando a tentar chegar às comunidades que protegem por todo o país e mostrando um profissionalismo incrível enquanto protegem manifestantes.”

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