Obama pede à NATO firmeza contra a Rússia

A cimeira da Aliança Atlântica em Varsóvia ?aprovou os novos batalhões móveis multinacionais para os países bálticos e Polónia.

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Foto de família dos líderes dos países da NATO Jonathan Ernst/REUTERS

O Presidente Barack Obama apelou aos líderes dos países da NATO para que se mantenham firmes contra uma Rússia que surge com nova agressividade, depois de se ter apoderado da Crimeia. Mas esta sexta-feira, na abertura da cimeira da Aliança Atlântica em Varsóvia, em que se espera que a NATO regresse à política de dissuasão, François Hollande, o Presidente francês, fez soar a nota contrária, sublinhando que “a Rússia é um parceiro, e não uma ameaça”.

“A NATO não tem vocação para influenciar as relações que a Europa deve ter com a Rússia. E para a França a Rússia não é um adversário, não é uma ameaça”, declarou o francês, ao entrar para a cimeira. Hollande sublinharia a posição que é defendida também pela Alemanha: a necessidade de não hostilizar demasiado Moscovo, ao mesmo tempo que se toma uma posição firme. Ou seja, abrir a porta ao diálogo enquanto se estabelece um compromisso claro de defesa dos aliados de Leste e da Europa Central.

“Em Varsóvia, devemos reafirmar a nossa determinação – o nosso dever ao abrigo do Artigo 5 do Tratado do Atlântico Norte – de defender todos os aliados da NATO”, escreveu Obama num texto publicado pelo jornal Financial Times esta sexta-feira. “Precisamos de melhorar a defesa dos nossos aliados na Europa Central e de Leste, reforçar a dissuasão e aumentar a nossa resiliência face a novas ameaças, incluindo a ciberataques”, afirmou.

“Temos de aceitar que a Rússia pode ser um competidor, um adversário, um par ou parceiro e provavelmente tudo isto ao mesmo tempo”, frisou o general checo Petr Pavel, o responsável máximo do comité militar da NATO, citado pela Reuters.

Em Moscovo, toda esta conversa sobre as ameaças que vêm da Rússia são vistas como um exagero. O Kremlin continua aberto ao diálogo e cooperação com a NATO, assegurou Dmitri Peskov, porta-voz do Presidente Vladimir Putin. Na Rússia, a NATO costuma ser caracterizada como o agressor, que mobiliza tropas e equipamento militar para países que foram repúblicas soviéticas, e que ainda considera estarem na sua esfera de influência.

Mas os países Bálticos, e a Polónia, olham com preocupação para os indicios que a Rússia poder vir a instalar mísseis Iskander, com capacidade para ogivas nucleares, no enclave russo de Kaliningrado, entre a Polónia e a Lituânia.  E para o que já se passou na Geórgia ou na Ucrânia, com a anexação da Crimeia.

Os novos quatro batalhões móveis multinacionais que ficarão nos três países bálticos e na Polónia farão parte da nova estratégia de dissuasão de eventuais avanços russos e foram ontem aprovados pela cimeira da NATO. “Tornam claro que um ataque a um aliado será considerado um ataque a toda a aliança”, sublinhou Jens Stoltenberg, secretário-geral da NATO.     

Antes da cimeira, Putin fez vários gestos para demonstrar a sua boa vontade – entre os quais a marcação de um conselho NATO-Rússia a 13 de Julho, o segundo apenas desde que Moscovo anexou a Crimeia em 2014. 

Na quarta-feira, Putin e Obama falaram ao telefone, numa conversa pré-cimeira da NATO, revelou a Casa Branca, e Moscovo permitiu a passagem no Conselho de Segurança de uma resolução que autoria a União Europeia a interceptar no Mediterrâneo carregamentos de armas dirigidos à Líbia. No entanto, da conversa entre os dois presidentes não resultou qualquer acordo sobre formas de cooperação na luta contra o Estado Islâmico na Síria, diz a Reuters.

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