"Brexit": A instabilidade que Portugal dispensava

Com a economia nacional ainda a lutar pelo crescimento, uma perda de confiança nos mercados internacionais terá efeitos nefastos.

Há o turismo, a migração, as trocas comerciais. Mas, no meio de tudo isto, o principal impacto negativo para Portugal pode mesmo vir dos mercados, por via da instabilidade provocada pela saída do Reino Unido da União Europeia.

Numa Europa cujo crescimento é baixo e frágil, onde é preciso investimento, subida da procura e criação de emprego, tudo o que traga incerteza e arrefecimento da economia é o equivalente a um balde de água fria. A confiança vai diminuir, os investidores vão retrair-se e apostar apenas no que julguem ser seguro.

Conforme já noticiou o PÚBLICO, com base num estudo da consultora Global Council, Portugal acaba por ser um dos países com uma maior exposição aos impactos do "Brexit". Com a economia nacional ainda pressionada pela crise e a lutar pelo crescimento, com elevados níveis de dívida (pública e privada), uma perda de confiança nos mercados internacionais terá efeitos nefastos. A dívida pública já está a subir, e a bolsa a cair, com novos impactos adversos para os bancos. Há dinheiro a sair, e o outro está mais caro. 

Ainda não se sabe qual será o posicionamento comercial do Reino Unido, mas é possível que as exportações para este mercado desçam, e que fiquem mais caras (por causa das tarifas). A saída de trabalhadores para este território, que tem sido uma constante, vai ser mais complicada por via da redução (ou diminuição) da livre circulação. Uma desvalorização da libra pode afectar o turismo: os britânicos são um dos principais grupos de visitantes, e é plausível que viajem menos, ou que não gastem tanto. Os que vieram viver para Portugal estão expectantes sobre a forma como vão receber as pensões, e sobre os benefícios fiscais.

Há ainda muitas dúvidas sobre como serão os próximos tempos, mas há também uma certeza: não será nada de bom, e Portugal dispensava mais más notícias.    

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