Detenção de funcionário do SIS leva a reforço dos mecanismos de segurança

Secretário-geral do Sistema de Informações da República Portuguesa (SIRP), Júlio Pereira, garantiu esta quarta-feira que estão em curso procedimentos internos no SIS para melhorar a segurança dos serviços.

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Secretário-geral do Sistema de Informações da República Portuguesa (SIRP), Júlio Pereira. Daniel Rocha

O secretário-geral do Sistema de Informações da República Portuguesa (SIRP), Júlio Pereira, garantiu esta quarta-feira que decorrem procedimentos internos para reforçar os mecanismos de segurança na sequência do caso em que um funcionário do SIS foi detido por alegada espionagem.

Internamente decorrem procedimentos "com vista a reforçar os mecanismos de segurança", afirmou Júlio Pereira numa declaração lida aos jornalistas num encontro para apresentar as novas páginas de Internet do SIRP, do Serviço de Informação e Segurança (SIS) e do Serviço de Informações Estratégicas de Defesa (SIED).

Na mesma ocasião, o responsável máximo do SIRP disse ainda que aquela declaração sobre o caso do espião - sem direito a perguntas - seria a única que faria pelo facto de o assunto estar na alçada judicial e que só falaria sobre o caso nesse fórum.

Já segundo um comunicado publicado na página de Internet do SIS, refere-se que os indícios "de comprometimento de actividade operacional na área da contra-espionagem" levaram a um conjunto de "averiguações internas" que, conjuntamente com o "apoio prestado pela cooperação internacional" permitiu recolher "elementos seguros sobre a realização de encontros clandestinos no estrangeiro entre um funcionário do SIS e um outro de um serviço de informações estrangeiro".

Como sequência destes resultados, o secretário-geral do SIRP, segundo o mesmo comunicado, participou, em Novembro de 2015, ao Ministério Público a suspeita da prática de crime de espionagem, a favor de um serviço congénere estrangeiro, envolvendo o oficial de informações do SIS.

O secretário-geral do SIRP, segundo o comunicado, salienta ainda a excelente cooperação entre o Ministério Público, a Polícia Judiciária e o SIS no decurso das investigações que conduziram à detenção no dia 21 de maio de 2016, no âmbito de uma operação conjunta entre a Polícia Judiciária e as autoridades italianas, dos dois oficiais de informações, durante um encontro que realizavam em Itália, na cidade de Roma.

O funcionário do SIS detido em Roma por alegada espionagem e outros crimes ficou esta quarta-feira em prisão preventiva por decisão do juiz de instrução criminal Ivo Rosa.

Apesar de Frederico Carvalhão Gil ficar em prisão preventiva, o juiz do Tribunal Central de Instrução Criminal (TCIC) admitiu que poderá existir a possibilidade de esta medida vir a ser alterada para obrigação de permanência na residência com vigilância electrónica, desde que estejam preenchidos os requisitos exigidos pelos serviços prisionais.

Segundo os investigadores da Operação Top Secret, o funcionário do SIS é suspeito de transmissão de informações a troco de dinheiro a um agente dos serviços de informações russos, estando em causa crimes de espionagem, violação do segredo de Estado, corrupção e branqueamento de capitais.

Porém, na terça-feira, o advogado de defesa, José Preto, adiantou à Lusa que iria refutar as imputações do Ministério Público, alegando também que houve "um conjunto de irregularidades" relacionadas com a detenção de Frederico Carvalhão Gil em Roma.

José Preto desafiou ainda os investigadores a provarem o flagrante delito e a apresentarem as provas da venda de segredos da NATO porque, diz, o seu cliente "não vendeu informações".

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