Candidata do 5 Estrelas é a mais votada em Roma

Segundo as sondagens à boca das urnas, o governo da câmara da capital só ficará decidido na segunda volta, a 19 de Junho. PD, do primeiro-ministro Matteo Renzi, pode conquistar Milão à primeira.

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Os italianos votaram para escolher os dirigentes autárquicos AFP PHOTO / ALBERTO PIZZOLI

Não é brilhante, mas também não é o pior dos cenários. Quando as urnas encerraram, pelas 23h (22h em Portugal continental) e as sondagens à boca das urnas foram divulgadas, os dirigentes do Partido Democrático (PD) puderam respirar de alívio: é possível que a formação conquiste já à primeira volta a capital económica da Itália, Milão, e vai passar à segunda em Roma. Como se esperava, a candidata do Movimento 5 Estrelas (M5S) foi a mais votada pelos romanos.

Numas eleições autárquicas que o primeiro-ministro, Matteo Renzi, insistiu que não eram uma prioridade, rejeitando leituras nacionais, estavam em jogo 1348 municípios. Mas Roma e Milão eram os prémios principais. Para que os resultados não fossem considerados uma derrota estrondosa para o Governo, o PD de Renzi, teria de conquistar pelo menos uma. Deverá consegui-lo com Giuseppe Sala, a quem os primeiros inquéritos dão entre 41 e 45% dos votos, à frente do candidato que reunia o apoio do conjunto da direita, Stefano Parisi, com 35 a 39% das preferências.

Virginia Raggi, a candidata do partido anti-sistema M5S à câmara da capital, terá obtido entre 34 e 38% dos votos. Atrás surge Roberto Giachetti, o homem escolhido pelo PD, actualmente vice-presidente da Câmara dos Deputados.

O pesadelo do PD era nem passar à segunda volta e ver o seu candidato ultrapassado por Giorgia Meloni, apoiada pelo seu partido, a Aliança Nacional (pós-fascista), e pela formação xenófoba e anti-imigração Liga Norte. Meloni ficou entre os 16 e os 20%, bastante à frente, ainda assim, de Alfio Marchini, a escolha da direita de Silvio Berlusconi (Força Itália). Os resultados na capital serão vistos como um teste à ambição do líder da Liga, Matteo Salvini, que quer unificar a direita no país sob a sua liderança, como fez, no passado, Berlusconi.

Resta saber agora se a candidatura de Roberto Giachetti vai reunir outros apoios para enfrentar Virginia Raggi e conseguir roubar ao M5S, fundado em 2009 pelo humorista Beppe Grillo, o governo de Roma. Se a advogada de 37 anos escolhida online pelos apoiantes do M5S conseguir ser eleita, terá nas mãos o maior teste de governação que o movimento que recusa rótulos ideológicos já enfrentou.

Nas restantes cidades importantes onde se votou, Piero Fassino, do PD, segue à frente, conseguindo 39 a 43% dos votos, seguido de Chiara Appendino, do M5S, entre os 28 e os 32%, em Turim. Em Nápoles, os boletins são bem mais divididos entre os principais partidos, mas o actual autarca e ex-procurador Luigi De Magistris (Itália dos Valores) consegue 43 a 47% e a eleição pode ficar já decidida.

Apesar dos resultados em Roma, o primeiro-ministro ganha alguma margem e pode continuar empenhado na sua grande aposta: o referendo de Outubro à reforma constitucional que muda os poderes do Senado e a lei eleitoral. Se a reforma não for aprovada, Renzi promete demitir-se, precipitando assim umas legislativas antecipadas (só estão previstas para 2018), isto num momento em que o M5S se aproxima do centro-esquerda nas sondagens nacionais e a direita ainda tenta reorganizar-se depois do fim da era protagonizada por Berlusconi.

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