Conselho Regional do Norte tenta reverter decisões da TAP no Sá Carneiro

Comissão Permanente quer mostrar ao primeiro-ministro impacto nacional das decisões "estratégicas" da companhia.

Foto
A Tap continua debaixo de fogo de várias organizações da região Norte por causa da operação no Sá Carneiro Rui Farinha

O conselho regional do Norte vai tomar em Abril uma posição sobre a estratégia da TAP para o Aeroporto Francisco Sá Carneiro, caso os contactos que a Comissão Permanente deste organismo pretende fazer nos próximos dias não tenham qualquer efeito. O presidente deste organismo e autarca de Famalicão, Paulo Cunha, espera convencer a empresa, e principalmente o primeiro-ministro, do impacto nacional que a supressão de rotas vai ter, dado o valor da região para a economia portuguesa.

A Comissão Permanente do Conselho Regional do Norte (organismo de consulta da Comissão de Coordenação Regional) reuniu-se nesta quinta-feira propositadamente para analisar a questão TAP/Sá Carneiro, convidando para o efeito membros do conselho como universidades e politécnicos, associações empresariais e as câmaras da Maia e Matosinhos (onde o aeroporto se situa) e do Porto, que tem liderado as críticas à companhia. E segundo Paulo Cunha, do encontro saiu um consenso, raro na região, em relação a um problema que recusam transformar numa luta do Porto contra Lisboa.

“Não podemos esquecer o peso da região no país, e o peso do aeroporto aqui. Estamos a falar da região Norte que é a mais exportadora do país, que é a região que tem mais habitantes, mais jovens, mais postos de trabalho, que cria mais empresas. No Norte as exportações cobrem 140% das importações. Desde 2008 até agora a balança de transacções comerciais tem um saldo positivo que aumenta mil milhões de euros a cada ano que passa. Se o saldo nacional global é francamente negativo, não é de somenos importância assinalar este saldo positivo” insistiu o autarca, considerando que estes dados tornam estrutural, estratégica, qualquer opção da companhia.

O conselho regional vai pedir reuniões à comissão executiva e ao conselho de administração da TAP e também a António Costa. “Ouvi o primeiro-ministro dizer que aumentava a participação na TAP para poder intervir nas decisões estratégicas. E quando se falava sobre o que são decisões estratégicas ele foi claro ao dizer que os hub, as bases, as rotas são decisões estratégicas”, insistiu, apelando à intervenção do chefe do Governo. “O Norte e o conselho regional têm sempre uma posição construtiva. Nós gostamos de dar contributos para o processo decisório, melhorando o resultado final desse processo. Não estamos com nenhuma postura de censura à posição do Governo, pelo contrário estamos a disponibilizarmo-nos para dar contributos, para valorizarmos a importância do Norte no contexto nacional”, vincou.

O autarca de Famalicão não quis antecipar cenários, caso as diligências não mudem o sentido das decisões anunciadas. “Queremos que as entidades nos ouçam. O consenso que estamos a mostrar em torno deste processo é algo pouco comum, não é muito frequente no Norte. Entendo que esta procura de consensos, em torno de elementos tão factuais e objectivos, deve ser do conhecimento dos decisores”, frisou, notando que a atitude de pressão sobre a TAP se justifica sendo ela, como é, uma companhia de bandeira. “E enquanto for de bandeira teremos uma abordagem diferente da que podemos ter com outras companhias”, garantiu. 

Sugerir correcção
Comentar