Angola prevê que China lhe passe a comprar menos petróleo

Novos compromissos da Cimeira de Paris para a redução de emissões deverão levar a China a procurar mais fontes de energia limpa.

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Angola reconhece que a comunidade internacional vai exigir à China maiores compromissos com a redução das emissões poluentes AFP

Angola admite impactos a médio e longo prazo com os compromissos a assumir pela China sobre a redução das emissões de dióxido de carbono (CO2), tendo em conta que o gigante asiático compra praticamente metade do petróleo angolano.

A posição consta do relatório de fundamentação da proposta de Orçamento Geral do Estado (OGE) para 2016, que está em análise no parlamento angolano, quando decorre em Paris a Cimeira da ONU para as Alterações Climáticas (COP21).

No documento, o Governo angolano reconhece que a comunidade internacional "deverá demandar da China", nesta cimeira, "compromissos nacionais aceleradores" de "reduções das suas emissões" de CO2.

"Antevendo-se, a médio e longo prazos, que a economia da China venha a aprofundar seu modelo de geração de energia para uma matriz cada vez menos baseado no carbono", observa o Governo angolano.

Estima-se que a China tenha libertado entre nove e dez mil milhões de toneladas de CO2, em 2013, quase o dobro dos Estados Unidos e cerca de duas vezes e meia mais do que a União Europeia.

A COP 21, que vai decorrer até 11 de Dezembro, tem como objectivo conseguir um acordo internacional sobre a redução de emissões de gases com efeito de estufa, responsáveis pelo aquecimento global e pelas suas consequências catastróficas, nomeadamente o aumento do nível do mar.

Limitar o aquecimento global a dois graus celsius até ao final do século, por referência ao período anterior à Revolução Industrial, é a grande meta e, para muitos, a única forma de evitar os piores efeitos das mudanças climáticas.

Angola vive há cerca de um ano uma crise financeira, económica e cambial decorrente da quebra para metade da cotação do crude no mercado internacional, receando-se agora uma diminuição das compras de petróleo bruto pela China.

A balança comercial angolana registou um saldo positivo de cerca de 20 mil milhões de euros em 2014, com a China a liderar as compras, quase metade do total e essencialmente petróleo, indica o anuário estatístico do comércio externo de Angola, noticiado pela Lusa em Junho.

De acordo com o documento do Instituto Nacional de Estatística (INE) de Angola, o país exportou bens e serviços no valor de 5,7 biliões de kwanzas (40 mil milhões de euros) em 2014.

Embora comprando menos a Angola face a 2013 (-12,5%), a China continua a liderar os destinos das exportações angolanas (petróleo), tendo garantindo 2,7 biliões de kwanzas (19 mil milhões de euros) e uma quota de 47% em 2014.

 

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