Milhares de sírios fogem dos combates em Alepo

Ofensiva das tropas de Assad alimenta fluxo de refugiados. Eslovénia abriu a porta a milhares de pessoas retidas na fronteira com a Croácia mas mobiliza exército para concentrar fronteira.

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Refugiados e migrantes na fronteira da Croácia com a Eslovénia Srdjan Zivulovic/REUTERS

Dezenas de milhares de sírios fugiram das suas casas a Sul da cidade de Alepo, para escaparem à ofensiva lançada na semana passada pelas tropas do regime do Presidente Bashar al-Assad contra os seus opositores.

“Cerca de 35 mil pessoas foram deslocadas de Hader e  Zerbé, a sudoeste da cidade de Alepo, na sequência das ofensivas governamentais dos últimos dias”, disse por email à AFP a porta voz do Gabinete para a Coordenação de Assuntos Humanitários das Nações Unidas (OCHA).

Vanessa Huguenin explicou que muitos encontraram refúgio em famílias de acolhimento ou habitações precárias, mais a oeste da província que tem também o nome de Alepo.

“As pessoas têm urgentemente necessidade de alimentação, produtos base e abrigo”, acrescentou. “As agências de auxílio estão cada vez mais inquietas com as famílias que vivem sem tecto, agora que o tempo arrefece, principalmente à noite.”

Apoiadas pela aviação russa, as forças do regime lançaram no fim-de-semana uma ofensiva a Sul da cidade de Alepo, com o objectivo de reconquistarem localidades situadas junto à estratégica estrada Alepo-Damasco.

Desde o início da guerra, em 2011, foram mortas na Síria mais de 250 mil pessoas. Cerca de sete milhões estão deslocadas no interior do país e mais de quatro milhões refugiaram-se em países vizinhos. 

Uma parte dos refugiados sírios têm vindo a chegar à Europa, onde a forma de lidar com o afluxo de centenas de milhares de pessoas divide os países da União Europeia. Muitos deles estão em situação precária, que se agrava à medida que o tempo arrefece e as chuvas começam a cair. Nas fronteiras dos Balcãs, onde o afluxo de pessoas deverá continuar, milhares desesperam por autorização para passar à etapa seguinte da viagem.

Calcula-se que mais de 640 mil refugiados, sírios na sua maior parte, tenham chegado este ano à Europa, três vezes mais do que o total do ano de 2014. A Alemanha declarou-se disposta a receber 800 mil requerentes de asilo mas o número real deverá acabar por ser muito superior. Ao mesmo tempo, surgem sinais de oposição à política de acolhimento da chanceler Angela Merkel.

O governo da Eslovénia autorizou, na segunda-feira, a entrada da maior parte de um conjunto de 5000 pessoas que estavam retidas em condições precárias na sua fronteira com a Croácia. Cerca de 900 seguiram pouco depois, segundo a BBC, para a Áustria. Já esta terça-feira foi autorizada a entrada em território esloveno de outras 5000 pessoas.

O governo de Ljubliana anunciou entretanto a mobilização do exército para ajudar a controlar as fronteiras e pediu o apoio da União Europeia para lidar com situação. País de dois milhões de habitantes, o mais pequeno das rotas migratórias, a Eslovénia confina com a Croácia, Hungria, Áustria e Itália.

A Croácia abriu também as fronteiras com a Sérvia, onde se têm acumulado em más condições milhares de pessoas que tentam chegar ao Norte da Europa, permitindo a entrada de cerca de 3000 pessoas. O primeiro-ministro sérvio disse que são 13.100 os que actualmente concentrados no país. O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) informou que 2500 estão na terra-de-ninguém, entre os dois estados.

Eslovénia e Croácia tinham imposto no fim-de-semana controlos rigorosos nas suas fronteiras, depois de a Hungria, invocando motivos de segurança, ter encerrado a sua fronteira Sul, obrigando os refugiados a percorrerem um trajecto mais longo, via Eslovénia, onde o Governo anunciou que entraram desde sábado no país cerca de 18.500 pessoas.

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