Pires de Lima diz que “só vale a pena vender no tempo certo e pelo valor certo”

Ministro da Economia admite adiamento da venda do Novo Banco. PS quer que Passos esclareça questão e custos para os contribuintes.

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Pires de Lima disse confiar "completamente" na gestão deste dossier pelo Banco de Portugal. Enric Vives-Rubio

O ministro da Economia disse nesta sexta-feira que um eventual adiamento da venda do Novo Banco é competência do Banco de Portugal (BdP) e admitiu que só vale a pena vender a instituição no tempo certo e pelo valor certo.

"O adiamento é uma competência directa do Banco de Portugal, mais vale fazer bem a venda e no tempo certo do que fazê-la com pressa e com custo mais alto para o sistema financeiro português", afirmou Pires de Lima, em Lisboa.

O governante disse ainda confiar "completamente" na gestão deste dossier pelo Banco de Portugal e insistiu que, ao contrário do que aconteceu com o BPN, cuja nacionalização foi paga pelos contribuintes, o custo directo da venda do Novo Banco para os contribuintes "vai ser de zero qualquer que seja o resultado" da operação.

O Banco de Portugal reiterou nesta sexta-feira que iniciou negociações com os potenciais compradores que apresentaram propostas vinculativas na fase III do processo de venda do Novo Banco, remetendo para momento oportuno o resultado desse processo negocial que "está a desenvolver".

A agência Lusa contactou o Banco de Portugal na sequência da notícia divulgada nesta sexta-feira pelo Diário Económico, segundo o qual "a venda do Novo Banco deverá ser adiada para depois das eleições", tendo em conta que "a oferta final da chinesa Fosun prevê um encaixe líquido de apenas 1,5 mil milhões de euros, metade da fasquia mínima pretendida pelo BdP".

Depois de as negociações entre o Banco de Portugal e a chinesa Anbang terem falhado, o supervisor iniciou negociações com a Fosun.

O fundo norte-americano Apollo foi um dos candidatos que também apresentou uma proposta vinculativa na fase III do processo de venda do Novo Banco.

Socialistas pedem esclarecimentos
O dirigente socialista Pedro Nuno Santos disse nesta sexta-feira que o primeiro-ministro tem de prestar esclarecimentos sobre a venda do Novo Banco e os custos de um eventual adiamento para os portugueses.

"O Partido Socialista está profundamente preocupado com as notícias que saíram hoje sobre o processo de venda do Novo Banco e exige que sejam prestados esclarecimentos urgentes por parte do governo. Temos de saber se essas notícias se confirmam, se o concurso internacional vai ou não ser cancelado ou adiado, e o que é que isso significa para o país, nomeadamente para o cálculo do défice de 2014 e 2015", declarou.

O cabeça de Lista do PS por Aveiro falava aos jornalistas, à margem de uma acção de pré-campanha junto ao mosteiro de Arouca, em que considerou que cabe ao primeiro-ministro e não ao governador do Banco de Portugal esclarecer a situação, tanto mais que "está a ser feito um teste de stress e as notícias relatam que o Novo Banco tem necessidade de uma injecção de capital".

"É importante que Passos Coelho não volte a passar culpas sobre esta matéria e se esconda atrás do governador do Banco de Portugal, porque quem tem de prestar esclarecimentos ao povo português é o primeiro-ministro e não o regulador", disse.

Para o dirigente socialista "era importante que Passos Coelho não fosse imprudente desta vez, como quando anunciou ao país que tinha encontrado uma solução perfeita, sem custos para o contribuinte".

Nos esclarecimentos pretendidos, Pedro Nuno Santos quer que Passos Coelho diga a quem caberá suportar os custos, se houver necessidade de injetar capital: se aos bancos através do Fundo de Resolução, ou se haverá mais um empréstimo do Estado.

"Não sendo vendido agora o Novo Banco, isso imputará ao défice de 2014, e se houver uma nova injeção de capital, importa saber como fica o défice de 2015", observou.

Questionado sobre a oportunidade da venda, Pedro Nuno Santos escusou-se a comentar, alegando que "o PS, não estando no governo não está na posse da informação sobre o que está a acontecer" e não pretender "criar problemas ao processo negocial".

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