Fissuras na grande muralha financeira

As fragilidades da economia chinesa vêm ao de cima. A bolha está a esvaziar e a provocar danos

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Foi uma segunda-feira negra nos mercados. Xangai perdeu 8,5% num dia. É um claro sinal de que as medidas ensaiadas pelo regime de Xi Jinping não estão a ser suficientes para impedir o esvaziar da bolha nas bolsas. O pânico dos investidores acompanhou o deslocar do fuso horário. Na Europa e nos EUA, o dia também foi de perdas acentuadas. A queda das bolsas rapidamente afectou as matérias-primas. Como lembrava o Financial Times (FT), a China é responsável por 11% do consumo de petróleo mundial, 57% do cobre (um barómetro da actividade industrial) e dois terços dos minérios de ferro.

E o que explica esta queda das bolsas? Primeiro é uma correcção de uma valorização excessiva. Durante mais de um ano, os chineses compraram acções, muitas vezes a crédito, a um ritmo muito superior ao do crescimento dos lucros das empresas e da economia. E a economia já deu sinais de que está a arrefecer, e a prova disso é que na sexta-feira foi anunciado que um índice que mede a actividade industrial caiu para um mínimo de 77 meses.

Foi precisamente para dar um impulso às empresas exportadores que Pequim decidiu há duas semanas provocar uma desvalorização da moeda, o que foi lido pelos investidores como um sinal de que a economia estará em pior estado do que se pensava. Entretanto, a China, segundo o FT, já gastou 200 mil milhões de dólares a comprar acções nas bolsas para tentar segurar as cotações e gastou outros tantos 200 mil milhões de reservas estrangeiras para evitar uma desvalorização excessiva do yuan.

O regime ainda tem outras “armas” à disposição (descer o nível de reservas exigidos à banca, baixar ainda mais os juros, lançar um plano de infra-estruturas, ou mesmo aproveitar o baixo défice para baixar impostos), todas elas provavelmente melhores do que aquelas que só servem para segurar artificialmente o preço dos activos.

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