Mais 450 militares americanos e nova base no Iraque para combater Estado Islâmico

Administração Obama centra as atenções nas ajudas ao Exército iraquiano para a reconquista de Ramadi, adiando os planos para Mossul.

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Os militares vão treinar e aconselhar os combatentes sunitas HAIDAR HAMDANI/AFP

Os fracos resultados da estratégia da coligação liderada pelos EUA para conter o avanço do autoproclamado Estado Islâmico no Iraque levaram a Casa Branca a carregar no acelerador, na direcção de um cada vez maior envolvimento militar no terreno.

O Presidente Barack Obama anunciou esta quarta-feira o envio de mais 450 militares norte-americanos para treinarem e aconselharem o Exército iraquiano, mas há uma alteração na estratégia norte-americana ainda mais importante, avançada pelo The New York Times – o estabelecimento de uma nova base militar na província de Anbar, com os olhos postos na reconquista da cidade de Ramadi, tomada pelos jihadistas em Maio.

Até ao mês passado, o principal debate no interior da Administração Obama era o que fazer ao plano de reconquista de uma outra importante cidade, Mossul, que caiu nas mãos do autoproclamado Estado Islâmico em Junho de 2014. Mas a queda de Ramadi, no mês passado, fez soar todos os alarmes entre os generais e os políticos norte-americanos e iraquianos, segundo o The New York Times – a prioridade agora é Ramadi, e Mossul, que chegou a ter uma ofensiva planeada para esta Primavera, deverá ficar para 2016.

A primeira medida da Casa Branca é o envio de mais 450 militares, que se vão juntar aos cerca de 3000 que estão no Iraque a treinar e a aconselhar os soldados iraquianos. Mas as críticas de altos-responsáveis norte-americanos a uma suposta falta de determinação do Exército do Iraque para combater os jihadistas já provocaram pequenos incidentes diplomáticos entre os dois países – de uma forma mais polida, e sob anonimato, um responsável da Administração Obama descreveu ao The New York Times esta nova injecção militar como "um ajustamento com o objectivo de dar o treino adequado ao pessoal mais adequado".

Os 450 militares norte-americanos vão chegar ao Iraque nas próximas semanas e a sua principal missão é treinar os combatentes sunitas do Exército iraquiano. De acordo com as estimativas dos EUA, o número de combatentes tribais iraquianos na província de Anbar tem de duplicar, de cerca de 5000 para 10.000, para que possa ser lançada uma grande ofensiva contra os jihadistas em Ramadi.

A coligação liderada pelos EUA deverá agora reforçar as suas posições nas proximidades de Ramadi, usando a base de Taqaddum, perto da cidade de Habbaniya – no caminho entre Ramadi e Bagdad.

Os sucessos militares do autoproclamado Estado Islâmico no último mês vieram pôr em causa a ideia de que os bombardeamentos da coligação liderada pelos EUA tinham posto o grupo ultra-radical na defensiva, mas muitos duvidam de que as medidas agora anunciadas por Washington sejam suficientes para inverter essa situação – o senador do Partido Republicano John McCain tem sido uma das vozes mais críticas, acusando Barack Obama de seguir uma política errática e de ter subvalorizado a capacidade do autoproclamado Estado Islâmico, e defendendo o envio de soldados norte-americanos para combaterem no terreno.

Comprometido com a promessa de não envolver as suas tropas em combates directos contra os jihadistas, o Presidente Barack Obama vê-se, ainda assim, forçado a tomar decisões que arrastam cada vez mais o país para o conflito – de forma sintomática, o The New York Times salienta que a Administração Obama "ainda não aprovou o envio de spotters americanos para identificarem alvos nas proximidades de Ramadi", nem aprovou ainda "o uso de helicópteros Apache para ajudar as tropas iraquianas a reconquistarem a cidade".

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