Pais do Amaral tinha pedido mais tempo para apresentar oferta pela TAP

Empresário português não vai recorrer da decisão do Governo e diz que mantém o interesse na companhia, se a privatização voltar a fracassar.

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Pais do Amaral oferecia 325 milhões de euros para capitalizar a TAP Nuno Ferreira Santos

Miguel Pais do Amaral, o empresário português que o Governo excluiu nesta quinta-feira da corrida à TAP, admitiu ao PÚBLICO que apresentou uma proposta não vinculativa pela companhia, o que, por contrariar as regras do caderno de encargos, levou à sua retirada do rol de candidatos. O investidor tinha pedido entre quatro a seis semanas para apresentar uma oferta final.

"Sabia que era um risco [apresentar uma proposta não-vinculativa]. Estamos a trabalhar nisto há 18 meses e houve informação crítica que só foi apresentada na segunda metade de Maio", referiu Pais do Amaral, explicando que "era necessário mais tempo para avaliar o impacto da greve de dez dias dos pilotos", que terminou a 10 de Maio — apenas cinco dias antes de terminar o prazo para a apresentação de propostas de compra pela companhia.

Na oferta que fez, o empresário pedia mais "entre quatro a seis semanas" para apresentar uma proposta pela companhia. "Precisávamos de mais tempo. Entregarmos uma proposta vinculativa naquele prazo seria uma irresponsabilidade", afirmou. 

Por outro lado, o investidor fazia depender a compra da TAP da garantia de que o Estado iria tomar medidas junto dos credores para a renegociação da dívida, bem como de um acordo de longo prazo com os sindicados.

Pais do Amaral diz, por isso, que "não ficou surpreendido" com a decisão tomada pelo Governo nesta quinta-feira, que, em Conselho de Ministros, aprovou a abertura da fase de negociação de propostas com apenas dois dos três candidatos: David Neeleman (dono da Azul) e Germán Efromovich (que controla o grupo sul-americano Avianca).

O empresário português não irá recorrer da decisão "para não criar problemas ao Governo", mas deixa um aviso: "Se não houver privatização, cá estaremos." Pais do Amaral considera que há apenas "50% de hipóteses" de o processo ser concluído com sucesso e está disponível para concorrer novamente à privatização da empresa.

A oferta que entregou, em consórcio com três fundos internacionais cujo nome preferiu não revelar, pressupunha a injecção de 325 milhões de euros na TAP, mas não oferecia qualquer valor pelas acções da companhia. Já o plano de negócios era o da própria administração da transportadora aérea.

Para Pais do Amaral, a mais-valia da proposta "era o facto de manter a TAP independente e a sede em Lisboa", evitando que "se tornasse uma subsidiária" de um grupo de aviação estrangeiro. "A Avianca e a Azul, embora não sejam comparáveis, não são empresas de primeira linha", afirmou, dizendo que "é altamente improvável" que venha a associar-se agora a algum destes dois candidatos.

Sobre o facto de ter perdido um aliado, o dono do grupo Barraqueiro, desde que, em Outubro de 2013, começou a analisar a privatização da companhia, o empresário diz ter sido "apanhado de surpresa". Humberto Pedrosa acabou por se juntar a David Neeleman. "Era um parceiro importante em termos qualitativos", assumiu Pais do Amaral.

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