Alunos saem aliviados do exame de Matemática, ainda assim não foi fácil

Para os alunos do 6.º ano da Escola Rodrigues de Freitas, no Porto, o exame de Matemática não foi muito fácil, ainda assim a maioria esperava que fosse pior.

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Rita França

São onze e meia da manhã quando se começam a ouvir as portas das salas de aula a abrir. Os alunos do 6.º ano de todo o país acabaram o exame nacional de matemática e nos corredores da Escola Básica e Secundária Rodrigues de Freitas, no Porto, ouve-se o burburinho de quem diz adeus à primeira fase de avaliação. Cá fora, os pais avançam em direcção aos miúdos: “então, como te correu?”.

A Sofia foi uma das primeiras a sair da escola. Assim que viu a mãe antecipou a sua pergunta, “correu mais ou menos, a primeira parte era mais fácil, na segunda descambei um bocadinho”, confessa. Para a mãe é simples, “o mal é não saber a tabuada”. Como a Sofia, também o Rúben e muitos dos colegas que aos poucos chegaram tiveram a mesma impressão “o primeiro caderno correu bem, já o segundo…”.

O exame contava com duas partes. A primeira permitia o uso da calculadora, a segunda exigia cálculo mental. Eduarda Rocha foi professora coadjuvante da prova e, à semelhança dos alunos, não achou o primeiro caderno difícil. Mas, nota, “era muito extenso, eu precisei de usar o tempo extra para o resolver”, explica. Sobre o segundo caderno do exame, Eduarda Rocha considera que tinha um elevado nível de dificuldade. “Se o aluno tivesse aquele tipo de ginástica mental e capacidade de raciocínio, tudo bem. Caso contrário, como acontece com a maioria deles, era puxado demais”, diz.. Alexina Moreira Ramalho, adjunta da directora, acrescentou ainda que a segunda parte do exame tinha algumas ratoeiras, até a nível de Português. Era necessário, acima de tudo, “uma boa interpretação”, disse.

À porta da escola está ainda Fernanda Fonseca à espera da filha, a Rita. O exame de Português tinha corrido bem, restava a Matemática. “Por muito bons alunos que sejam há sempre um bocadinho de stress, mas ela estava calma, pelo menos optimista”, acrescenta. Fernanda também está descansada até porque, “é o que os professores dizem, o exame só conta 30% para a nota, a base continua a ser a avaliação contínua”. Hélio, também aluno do 6.º ano, mostra um certo alívio: “esperava que fosse mais difícil, acho que vou ter suficiente”.

Em dia de exame, os alunos do 6.º ano do Agrupamento Rodrigues de Freitas dirigiram-se à escola-sede. Para que isso fosse possível o funcionamento normal da escola ficou condicionado. Alexina Moreira Ramalho explica que foi necessário suspender as aulas dos 5.º, 7.º, 8.º e 10.º anos durante a manhã de segunda a quinta. Numa escola com 160 alunos a exame, 11 deles com necessidades especiais, o maior número de docentes possível foi parte integrante para que tudo funcionasse da melhor forma.

Professores alertam para difícil interpretação
Para Fernando Pestana da Costa, presidente da Sociedade Portuguesa de Matemática (SPM) o primeiro caderno do exame é mais acessível e o nível de dificuldade é comparável à prova do ano passado. "É um exame equilibrado, nem muito mais difícil, nem muito mais fácil”, avalia. 

Já a vice- presidente da Associação de Professores de Matemática (APM), Ana Vieira Lopes, considera que a prova esteve muito voltada para o cálculo e para a geometria mas "reflecte o programa”.

A dúvida, dizem as associações de professores, é se os alunos - que dizem que o exame foi fácil - foram capazes de interpretar as questões. Ana Vieira Lopes reconhece que a linguagem usada reflecte as metas curriculares mas é "muito formal, muito difícil”. Além disso, o tipo de perguntas colocadas não terá facilitado a tarefa destes alunos. "Tem muitas questões que não são imediatas, mas de difícil interpretação. Não sabemos até que ponto perceberam o que se perguntava e o que estava em causa”, realça a vice-presidente da APM. O presidente da SPM também encontrou no exame “perguntas fora de habitual, sobre temas do novo programa". E conclui: " Algumas são muito simples, mas não sabemos qual será a reacção dos alunos”.

Segundo o Ministério da Educação e Ciência, fizeram a prova 104.596 alunos, o que corresponde a 99% dos inscritos (105.636).

Texto editado por Andrea Cunha Freitas

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