Greve encerra Metro de Lisboa até quarta-feira de manhã

Trabalhadores protestam contra subconcessão da empresa e agendaram nova greve para 26 de Maio.

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Patrícia de Melo Moreira/AFP

O metro de Lisboa está hoje parado e as estações encerradas devido a uma greve de 24 horas que termina na quarta-feira de manhã. O protesto foi convocado por todas as organizações sindicais representadas na empresa que estão contra a sua privatização e que já agendaram uma nova greve para a próxima semana (dia 26). A adesão dos trabalhadores era, pelas 8h00, de 90%.

No Cais do Sodré, por exemplo, há fitas azuis a impedir o acesso à estação e os autocarros da Carris saem cheios para os vários destinos. No seu site, a Metro de Lisboa avisa que, entre as 6h30 e as 21h desta terça-feira, a Carris vai ter a circular um número suplementar de autocarros, que fazem percursos semelhantes aos eixos servidos pelo metro, “com o objectivo de minimizar os inconvenientes desta paralisação”.

Serão reforçadas as carreiras 726 (entre Sapadores e Pontinha Centro); 736 (entre o Cais do Sodré e Odivelas); 744 (entre Marquês de Pombal e Moscavide); e 746 (entre o Marquês de Pombal e a Estação Damaia).

A greve termina na madrugada de quarta-feira, retomando-se o serviço a partir das 6h30 da manhã, avisa a empresa.

De acordo com a Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações (Fectrans), a adesão dos trabalhadores à greve é elevada. "Os níveis de adesão situam-se nos 90%, depois de contabilizados os números relativos à parte operacional e oficinal da empresa entre as 00h00 e as 08h00 de hoje", adiantou à Lusa a dirigente Anabela Carvalheira.

"Esta greve é a continuação da luta dos trabalhadores do Metro contra a privatização da empresa, contra a reestruturação que está em curso, que põe em causa imensos postos de trabalho, em defesa dos postos de trabalho e de um serviço público de qualidade", justificou.

Além desta greve de 24 horas, os trabalhadores agendaram ainda uma outra nos mesmos moldes e também em protesto contra a subconcessão do Metro, para 26 de Maio, ou seja, daqui a uma semana.

"Obviamente que, se o Governo retirar todas estas coisas e dialogar connosco, estamos ainda a tempo de não fazer a greve de dia 26", acrescentou a sindicalista.

O Governo aprovou a 26 de Fevereiro a subconcessão da Metro e da Carris e, em Março, foi publicado em Diário da República o anúncio do concurso público internacional.

Os candidatos à subconcessão tinham até 14 de Maio para apresentar as propostas. No entanto, os concursos foram prolongados para data indeterminada devido ao número de questões colocadas pelos interessados.

A 6 de Abril, o PS pediu ao Tribunal Constitucional a fiscalização sucessiva dos diplomas que estabelecem o quadro jurídico da operação, por entenderem que violam dois princípios fundamentais: a competência legislativa do Parlamento em matéria de autarquias locais e a redução injustificada das suas atribuições e competências.

De acordo com o pedido, assinado por 29 deputados socialistas, o problema reside no artigo 5.º do decreto-lei 174/2014 e no artigo 8.º do decreto-lei 175/2014. Tanto num caso como no outro, o Estado assume-se agora como concedente da Carris e da Metro de Lisboa, mas para o PS, qualquer alteração da entidade concedente, que até então era a Câmara de Lisboa, teria de passar pelo Parlamento.

Entretanto, o Governo tem um parecer da Procuradoria-Geral da República que lhe dá razão quanto à autoridade do Estado para fazer a concessão destas empresas. com Lusa

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