Municípios vão discutir "ataque à sua autonomia"

Manuel Machado defende que “ataque à autonomia do poder local” compromete “a capacidade de resposta dos municípios às necessidades das populações”.

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Manuel Machado é o líder da Associação Nacional de Municípios Portugueses Miguel Manso/Arquivo

O presidente da Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP), Manuel Machado, repudiou nesta terça-feira o “ataque à autonomia” das autarquias, uma das matérias a ser discutida no congresso da organização, na sexta-feira e no sábado, em Tróia.

O XXII Congresso da ANMP, sem competência electiva, “vai debruçar-se sobre questões que se prendem com o funcionamento das autarquias”, entre outros assuntos, afirmou Manuel Machado.

Segundo o também presidente da Câmara Municipal de Coimbra, que falava aos jornalistas no final de uma reunião do conselho directivo da associação, na sede da ANMP, naquela cidade, “as autarquias portuguesas têm sido limitadas injustamente” nos últimos anos, através de “diversos diplomas alegadamente advenientes da política da troika” internacional.

“Tem vindo a ser feito um ataque à autonomia do poder local”, que compromete “a capacidade de resposta dos municípios às necessidades das populações”, acrescentou.

Para o socialista Manuel Machado, o poder local em Portugal “é o menos apoiado financeiramente” pelo Estado, no contexto da União Europeia, e “o que hoje existe é um subfinanciamento”.

A delegação de mais competências da Administração Central nas autarquias, preconizada pelo Governo, e a defesa do Estado Social são outras das questões em debate no Congresso da ANMP, que se realiza em Tróia, concelho de Grândola, durante dois dias.

“O desafio central do congresso é afirmar Portugal com o poder local”, através de “políticas públicas promovidas como actividade concertada com os diversos níveis do poder”, referiu o presidente do conselho directivo, cuja reunião desta terça-feira foi especialmente dedicada aos preparativos do congresso.

Na sua opinião, a delegação de competências desejada pelo executivo de Pedro Passos Coelho “é uma forma muito pouco consentânea com a descentralização”, tendo em conta que as câmaras municipais “não são meras repartições” da Administração Central.

“As políticas públicas e Estado Social serão objecto de reflexão profunda” nos trabalhos, em que vão participar mais de mil autarcas e vários convidados.

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