Renegociação da dívida da Madeira domina a campanha

Louçã defende uma nova abordagem à dívida regional e nacional e volta a criticar a “economia de favores” do jardinismo.

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Francisco Louçã: "Temos de parar esta sangria e é agora que ela deve ser parada”, Foto: Miguel Madeira

Com a campanha centrada nas questões económicas, o Bloco de Esquerda (BE) faz tudo para reconquistar o mandato perdido no parlamento da Madeira em 2011. Ontem foi a vez de dois economistas, Francisco Louçã e Ricardo Cabral, reunirem militantes no Funchal numa conferência basicamente dedicada à dívida da Madeira.

Para o ex-dirigente do BE, que sempre acusou Alberto João Jardim por alimentar uma “economia de privilégios, favorecimentos ou de negócios”, sendo a Madeira “vítima” dos seus governos, colocando em segundo “a economia das pessoas”, nomeadamente o desemprego e o bem-estar da população. Ontem, voltou a repetir o que ao longo dos anos sempre afirmou, exigindo, perante a actual “crise profunda” que “ haja uma renegociação da dívida” com a República.

Louçã mostrou-se satisfeito por verificar que existe uma “espécie de consenso” em torno desta matéria embora reconheça que há quem defenda uma renegociação da dívida madeirense mas “não queira uma renegociação da dívida de Portugal”, “nem perceba a importância que tem o abatimento destas regras impiedosas” de aumento da carga fiscal e “degradação” da própria economia, impostas ” aos portugueses.

Neste âmbito propõe a recuperação de um nível fiscal “aceitável” e, sobretudo, de uma “economia responsável”. Questionado pelo PUBLICO se um dos caminhos será a revitalização da Zona Franca da Madeira, Francisco Louçã lembrou que a Madeira “viveu demasiados anos fazendo favores a algumas empresas. É preciso acabar com essa história” que “produziu um colapso da dívida”, (…), concluindo que a região “não pode” repetir o caminho do jardinismo porque tal significa “perder a oportunidade de exigência da responsabilidade perante as pessoas”, disse. Quanto aos resultados nas urnas no próximo domingo, Louçã acredita que “haverá boas notícias”. Para logo apontar o dedo a “Passos Coelho que não aparece nestas eleições (regionais)” e a “Alberto João Jardim que deve estar refugiado nalgum canto”, um panorama que reflecte a imagem de um país que “se despreza a si próprio”, reiterando que um pontos fortes da democracia é o “reconhecimento dos problemas e a exigência das soluções” mas, sublinhou, “o pior de tudo, e que dá medo, é que tudo continuasse na mesma”.

A oito dias das urnas de 29 de Março, as 11 forças partidárias preparam-se para aproveitar ao máximo a semana que lhes resta, colocando o Plano de Ajustamento Económico Financeiro (PAEF) assinado por Jardim em Janeiro de 2012 no centro dos discursos. Victor Freitas deixou ontem críticas às contas sociais-democratas sobre o pagamento da dívida regional. Numa iniciativa de rua, o candidato socialista que lidera a coligação Mudança (PS, PTP; PAN, MPT) comentou as declarações do candidato do PSD, Miguel Albuquerque, sobre a dívida do arquipélago, de cerca de 6 mil milhões de euros.

Albuquerque “afirmou que em 2020 queria ter uma dívida da região que, em termos de peso do PIB [Produto Interno Bruto], corresponderia a 60%. Isso é impossível, estamos a falar de pagar 720 milhões de euros/ano e neste momento a Madeira está a pagar de serviço da dívida 300 milhões. É mais do que o dobro, para um orçamento de mil milhões é impossível", afirmou. Para o líder regional do PS, “Albuquerque não sabe fazer contas ou está a mentir ou, então, tem um plano escondido", disse. A CDU passou o dia em Santa Cruz, atacando a "política de hipocrisia" e "discurso farisaico" do novo partido JPP (Juntos Pelo Povo) que governa a câmara e todas as freguesias do concelho e que, na opinião de Edgar Silva, “assume um compromisso e na prática faz o contrário", afirmou.

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