Depois do susto, bancos gregos recuperam em bolsa

Praça de Atenas fechou em alta, mas no mercado de dívida os juros continuam a subir.

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O Governo de Alexis Tsipras começou a pôr em prática o novo plano económico e social Alkis Konstantinidis/Reuters

Ao quarto dia depois das eleições legislativas na Grécia, a Bolsa de Atenas inverteu a trajectória negativa, começando a recuperar das perdas registadas na quarta-feira, que penalizaram sobretudo a banca. Mas no mercado de dívida a subida dos juros mantém-se.

Depois de uma queda de 9,24% na quarta-feira, o índice grego ASE negociou em terreno positivo, fechado a sessão a valorizar-se 3,16%. No topo do índice negociaram os bancos, com valorizações de dois dígitos. As acções do Alpha subiram 19,93%, acompanhadas pelo bom desempenho do Eurobank Ergasias, cujos títulos subiram 14%. Com uma valorização igualmente expressiva encerrou o Banco Nacional da Grécia, a ganhar 12,57%.

O movimento de recuperação acontece um dia depois de as instituições financeiras cotadas da praça ateniense terem apresentado uma queda a pique, com desvalorizações superiores a 25%.

Nos outros índices de referência na Europa, o balanço do dia também é positivo, com as praças a registarem ganhos ligeiros. O CAC 40 de Paris subiu 0,44%, em Frankfurt o DAX cresceu 0,25%, o FTSE MIB de Milão subiu 0,56% e o PSI-20 da bolsa lisboeta avançou 0,54%.

O sentimento negativo que se fez nota na quarta-feira aconteceu no dia em que o novo Governo, liderado por Alexis Tsipras, reafirmou a prioridade em renegociar a dívida pública e deu como garantida a suspensão dos processos de privatizações, do sector energético aos portos.

O novo executivo começou a pôr em prática as medidas que prometeu durante a campanha eleitoral, e que são temidas pelos mercados por receio de um confronto com as autoridades europeias.

As medidas do plano económico e social traçado pelo Syriza durante a campanha representam um aumento da despesa pública de quase 12 mil milhões de euros, cerca de 6,5% do PIB grego.

Na Saúde, o novo responsável pela pasta anunciou que serão prestados cuidados a todos os que estiverem desempregados, que não tenham um seguro de saúde e que, por isso, não possam aceder ao sistema, problema que afecta neste momento 800 mil gregos. Esta é uma medida imediata que ocorrerá em simultâneo com a avaliação, junto dos hospitais, das falhas no serviço que é mais urgente corrigir.

Na função pública, de acordo com o vice-ministro para a reforma administrativa, serão devolvidos os postos de trabalho ao funcionários do Estado cujo despedimento recente tinha sido considerado inconstitucional pelos tribunais. Em causa, estão, por exemplo, funcionárias da limpeza no Ministério das Finanças e professores. Também prestes a ser cumprida está a promessa de fornecer electricidade grátis às famílias que estejam abaixo do limiar de pobreza.

No mercado de dívida, os juros das obrigações gregas a dez anos continuam a trajectória ascendente e estão a arrastar os títulos de outros países da periferia da zona euro, como Portugal.

A dívida grega a dez anos mantém-se acima de 11%. A contribuir para este agravamento dos juros estarão os receios dos investidores depois de a agência de rating norte-americana Standard & Poor’s ter ameaçado baixar a notação da dívida da Grécia, por receios de que as negociações entre Atenas e as autoridades europeias falhem e limite “a capacidade da Grécia em pagar a sua dívida”.

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