“O melhor para o país é uma maioria absoluta do PS”, diz Costa

Secretário-geral clarifica referência ao Bloco Central. Era para elogiar Mário Soares e não “aquela forma de Governo”

Foto
Costa reuniu-se com Cavaco Silva Miguel Manso

António Costa quer “uma maioria absoluta para o PS” nas próximas eleições legislativas, por ser a melhor forma de os portugueses não desperdiçarem “a oportunidade de serem eles a escolher o Governo que vão ter e não deixarem isso ao jogo partidário”.

Foi assim que o secretário-geral do PS esclareceu nesta quarta-feira o que pretendia com a sua referência ao Governo de Bloco Central, feita um dia antes no jantar de Natal do grupo parlamentar do PS. O secretário-geral pretendia destacar o “exemplo de Mário Soares” em vez de fazer o “elogio daquela forma de Governo” em particular, que juntou nos anos 80 PS e PSD num Executivo liderado por Mário Soares.

“O que eu quis sublinhar é que o bem mais precioso que o país tem perdido ao longo destes anos é a confiança e que não há nenhum país que seja capaz de vencer uma crise, de superar as suas dificuldades, sem recuperar a confiança e dei o exemplo do doutor Mário Soares e da forma como liderou esse Governo, tendo sido capaz de incutir ao conjunto do país, confiança", frisou, no final da audiência com o Presidente da República, em Belém.

Confrontado com as notícias sobre o seu discurso em São Bento, Costa começou por admitir a possibilidade de uma falha de comunicação ou compreensão. Recordou o seu discurso no último Congresso do PS para retomar o alerta aos eleitores. "O país, na situação em que está, não pode arrastar-se meses na incerteza de qual é a forma de Governo que vai ter, os portugueses não devem desperdiçar a oportunidade de serem eles a escolher o Governo que vão ter e não deixarem isso ao jogo partidário, deve ser uma escolha directa dos portugueses e é desejável que assim seja, por isso o nosso objectivo é que haja uma maioria", afirmou o secretário-geral socialista, aos jornalistas no final do encontro com Cavaco Silva.

Por isso, e para evitar “especulações”, rematou de forma taxativa: “O melhor para o país é uma maioria absoluta do PS.”

No jantar de Natal socialista, Costa arrancou para a sua intervenção afirmando que o ano de 2015 era o momento ideal para o país avançar para “vida nova”. Falou depois da confiança perdida nos últimos anos, com o Governo liderado por Pedro Passos Coelho, apresentando um momento do passado com contraste:  “Não há país nenhum que seja capaz de se mobilizar para enfrentar e vencer uma crise se não tiver confiança".

Para frisar: "Se nos lembrarmos agora do que foi o Bloco Central, percebemos que grande parte daquelas medidas muito duras que foram tomadas não teria sido possível, certamente, sem um grande ministro das Finanças, mas sobretudo tudo teria sido impossível sem a capacidade de mobilização, a esperança, a capacidade política, mobilizadora do colectivo nacional que uma liderança política que Mário Soares assegurou e permitiu vencer aquela crise e obter a integração na União Europeia.”

O significado político da referência ao Governo de Bloco Central foi destacado pela maioria dos órgãos de comunicação social presentes. A questão das coligações tem-se mantido na agenda política. Tanto do lado dos dois partidos da direita que suportam o actual Governo, como a partir das posições assumidas por Costa desde que assumiu a liderança do PS. O Congresso do PS, que o entronizou como sucessor de António José Seguro, foi palco de um discurso bem mais duro e reticente em relação à possibilidade de vir a realizar-se um entendimento com os partidos da direita. "O pior que pode acontecer em democracia é quando se gera um enorme empastelamento", avisou a 30 de Novembro.

Na semana passada, após uma reunião com o primeiro-ministro, Costa preferiu destacar que os “entendimentos” se fariam depois das próximas eleições legislativas. "Os portugueses saberão julgar qual o melhor caminho e é sobre o julgamento dos portugueses que se tem de construir uma estratégia comum", disse à saída do seu primeiro encontro com Passos Coelho como líder do principal partido da oposição.

Sugerir correcção
Ler 9 comentários