António Costa diz que Merkel "não tem razão" e que faltam licenciados no país

Num encontro com militantes em Castelo Branco, o candidato socialista a primeiro-ministro procurou marcar as diferenças entre a falta de soluções do Executivo de Passos Coelho e as propostas do PS.

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António Costa sublinhou o melhor resultado de sempre para o PS em Lisboa Daniel Rocha

O candidato a secretário-geral do PS contrariou este domingo a tese da chanceler alemã sobre a formação em Portugal. "A senhora Merkel não tem razão. Nós não temos licenciados a mais, temos ainda licenciados a menos. O nosso problema não é o excesso de qualificação, o nosso problema é ainda um défice de qualificação e o que nos falta são empregos qualificados para a geração que estamos a formar”, defendeu António Costa.

O socialista, que discursava em Castelo Branco para uma plateia de militantes, sublinhou que Portugal tem que ter um rumo e uma estratégia que passa pela aposta na qualificação e na valorização dos recursos. "Eu sei que não é esta a visão que o Governo tem, nem é a visão que muita gente na Europa tem sobre Portugal. Mas eles estão enganados", reiterou.

Para o candidato a secretário-geral do PS, a resposta, "não é como o Governo disse aos jovens mais qualificados, para emigrarem. Não, a resposta é que precisamos destes jovens e desta geração mais qualificada para desenvolver o nosso país". "Esse é o caminho e é essa a estratégia que temos de conseguir sustentar e desenvolver no país", vincou.

António Costa insistiu que o PS tem uma alternativa à estratégia do Governo, que não aposta no empobrecimento, mas sim na qualificação e na valorização dos recursos do país. "São dois caminhos alternativos que temos pela frente: ou o caminho do empobrecimento ou o da qualificação", sustentou.

"Se o Governo tivesse uma visão estratégica positiva sobre o país, quando olhou para a necessidade de fazer cortes no orçamento, o último que faria era o corte dos 700 milhões de euros que faz no investimento do Ministério da Educação e da Ciência (MEC), porque cortar hoje na educação é estar a comprometer a sustentabilidade e a qualidade do futuro do nosso país", acrescentou.

Falta estratégia ao Governo
António Costa acusou ainda o Governo de ter fracassado porque iniciou funções sem ter uma estratégia para o país. "Porque é que o Governo fracassou e hoje não tem soluções? Porque iniciou funções sem ter uma estratégia. Tinha simplesmente um programa de ajustamento e acreditou que cumprindo à risca esse programa e indo mais além do que a própria troika, produziria o milagre de resolver os problemas estruturais do país."

O socialista enumerou os fracassos do actual Governo: não diminuiu a dívida, "não acertou ainda numa única meta do seu orçamento e ainda não conseguiu produzir um único orçamento que não fosse contra a Constituição". O Governo, acrescentou, "conduziu [o país] à estagnação económica, aumentou brutalmente o desemprego, os níveis de empobrecimento, retomou um ciclo de emigração como não tínhamos desde o 25 de Abril, e a verdade é que está neste momento perdido, sem encontrar soluções para a falta de estratégia e ausência de programa".

António Costa sublinhou que não é possível ser-se Governo sem ter uma visão estratégica e adiantou que o Executivo liderado por Pedro Passos Coelho, "se tivesse uma visão estratégica não estava hoje perdido, sem saber o que fazer perante o fracasso do programa de ajustamento".

"É isso que o país tem que resolver. Construir a alternativa não é só substituir a direita pelo PS. É garantir que o próximo Governo do PS fará diferente do que a direita fez", disse. E, segundo António Costa, a primeira diferença está no facto de que o PS "tem uma estratégia para o país e a direita não tem".

O candidato a secretário-geral do PS explicou a importância de ter uma agenda para a década: "O país precisa de um rumo, de uma visão do seu futuro e de estratégia para o seu futuro. Sei que não é hábito os partidos apresentarem visões estratégicas, mas se há algo que tem faltado ao país é precisamente essa visão e essa estratégica".

Costa adiantou ainda que há uma opção de fundo que separa o PS do actual executivo: "O Governo acreditou e acredita que o país se desenvolverá a partir de uma estratégia de empobrecimento colectivo, de redução dos salários, da diminuição de direitos e desmantelamento do estado social". No entanto, "estes três anos demonstraram que este caminho conduz ao empobrecimento mas não conduz ao desenvolvimento", concluiu.

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