Leiria fura esforço de pacificação nas listas de delegados

Denúncias de fraude nas eleições para a liderança da federação inviabilizam solução de consenso distrital entre partidários de Costa e de Seguro.

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Manuel Roberto

O processo de pacificação interna no PS tem nos próximos dias o seu momento decisivo com a eleição de delegados ao Congresso. O conclave deverá confirmar António Costa como secretário-geral socialista. Desde as eleições primárias que a tónica tem sido a unidade interna. Entre os apoiantes de Costa e o que resta da anterior liderança de António José Seguro, foram dados sinais para se trabalhar na constituição de listas únicas de candidatos a delegados. Até ao final do mês, os socialistas terão de se acertar quanto aos cerca de 2000 delegados ao Congresso: além das inerências, há 1700 delegados a designar por eleição.

Nos contactos realizados pelo PÚBLICO destacou-se a "ideia generalizada de consenso". Esse esforço terá resultados em quase todas as estruturas distritais do PS. A excepção deverá vir a ser Leiria, onde dirigentes nacionais reconhecem que a militância está em "ebulição". Em causa estão as eleições distritais que, no início de Setembro, opôs José Miguel Medeiros (candidatura que agregou os apoiantes de Costa) e António Sales (que juntou os apoiantes de Seguro). Medeiros venceu por uma diferença de sete votos, com Sales a contestar a eleição, com denúncia de "fraude" eleitoral nas concelhias de Pombal e Óbidos.

A lista de Sales denunciou uma polémica "descarga", em Pombal, de cerca de 50 votos de militantes que, argumentou, não participaram no acto eleitoral. Alguns destes aceitaram assinar declarações nas quais garantiam estar no estrangeiro à data das eleições. Dada a vitória por apenas sete votos, a situação levou Sales a contestar os resultados.

O resultado prático desta disputa resultou no adiamento do congresso distrital e no protelar da tomada de posse da nova direcção federativa. A presidente do PS, Maria de Belém, avocou o processo e decidiu marcar um congresso federativo para dia 15 deste mês.

A decisão não resolveu a polémica. Dadas as posições extremadas, não existe qualquer possibilidade de, neste distrito, virem a conseguir-se listas únicas de delegados ao XX Congresso do PS. Um dirigente nacional admite que nesse distrito se venham a confirmar “duas ou mesmo três listas” por secção a competir na eleição de delegados ao Congresso. "Neste momento não estamos numa fase que permita qualquer tipo de negociação ou de ter em conta a unidade interna", disse ao PÚBLICO António Sales.

Nas restantes estruturas, as soluções encontradas parecem mais pacíficas. A "indicação para o entendimento" resulta em acordos de geometria variável. As contas para a representação das duas sensibilidades nas listas pode ir de uma divisão paritária até à divisão por terços. Tudo isto dependendo dos últimos resultados eleitorais internos, resultando de uma média local dos votos nas distritais e nas primárias.

A eleição dos delegados ao Congresso será realizada no mesmo dia das directas que escolhem o secretário-geral. Esse escrutínio está agendado para os dias 21 e 22 de Novembro. São eleitos pelas Secções de Residência e de Acção Sectorial do PS. Durante o Congresso, têm mandato para votar as moções apresentadas pelos candidatos a líder e eleger a Comissão Nacional, a Comissão Nacional de Jurisdição, a Comissão de Fiscalização Económica e Financeira e o presidente do partido.

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