Bloco desafia maioria e PS para um ajuste de contas nas europeias

Defender Portugal da União Europeia é uma das metas de João Semedo, que elogiou a história do Bloco no Parlamento Europeu sem referir Rui Tavares.

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Marisa Matias incluiu no programa às europeias a reestruturação da dívida e o referendo ao tratado orçamental Miguel Manso

Desobedecer à austeridade e refundar o projecto europeu são dois lados da mesma moeda para o BE. Sem defender a saída do euro, a cabeça de lista e eurodeputada Marisa Matias apresentou esta segunda-feira o programa que o partido levará a votos a 25 de Maio. Com várias propostas na agenda, mas uma certeza: um referendo ao Tratado Orçamental é a primeira condição para uma União Europeia democrática.

"É hoje claro que a austeridade é incompatível com a democracia", afirmou a eurodeputada na apresentação do programa do partido, em Lisboa.

Com todos os dirigentes de primeira linha na plateia - João Semedo, Catarina Martins, Fernando Rosas, Francisco Louçã ou Luís Fazenda -, a eurodeputada do BE, que nas últimas europeias concorreu em segundo lugar, considerou que a "União Europeia não é democrática". E prova disso são "as sucessivas violações da Constituição tentadas ou conseguidas durante o programa de ajustamento".

Sob o lema de que é preciso estar "de pé" perante uma Europa da austeridade, por oposição a estar de "joelhos", a cabeça de lista elegeu a reestruturação da dívida e o tratado orçamental como condições sem as quais não é possível refundar o projecto europeu.

"Esta eleição é, em primeiro lugar, um ajuste de contas", defendeu. Com os partidos do Governo - PSD e CDS - mas também com os socialistas. Tudo isto com várias certezas, uma delas é que Angela Merkel não vota em Portugal. "Gostava de dar aos mercados uma notícia chocante: no dia 25 de Maio Angela Merkel só pode votar na Alemanha", afirmou ao som de muitos aplausos.

Com o fio condutor de que cada voto poderá fazer a diferença, Marisa Matias lembrou que Passos Coelho dispõe de apenas um, tal qual o Presidente da República. Mas há mais: "Os desempregados vão ter cerca de um quarto dos votos disponíveis. Os trabalhadores despedidos dos estaleiros de Viana do Castelo têm muitos mais votos do que o ministro Aguiar-Branco, toda a administração e todos os accionistas da Martifer juntos".

Mais grave no discurso, o primeiro a subir ao palco foi o líder João Semedo, que aproveitou a intervenção para agradecer o "património" do BE no Parlamento Europeu, com destinatários que “têm rostos e têm nomes” e que identificou: Miguel Portas (que morreu há dois anos), Marisa Matias e Alda Sousa. Rui Tavares, que foi eleito como independente pelo BE em 2009, até romper com a direcção do partido em 2011, não foi referido.

Semedo elogiou a lista dos 21 que agora vão a votos, com metade de independentes, e definiu-a como uma lista de gente em quem o BE pode confiar. “Não fazemos política por cartão”, acrescentou.

O líder acabou a prometer uma "campanha com opções muito claras" e traçou como um dos objectivos "defender Portugal da União Europeia e da Comissão Europeia". Mas não aprofundou o tema. Cauteloso em prognósticos, disse apenas que o BE "não antecipa resultados" mas que parte para estas eleições "embalado". 

 

 

   

 

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