Seguro acusa coligação PSD/CDS de usar “táctica de Salazar”

Líder do PS reagiu às críticas que lhe foram feitas por causa da conferência dada em Londres. Assis defendeu Seguro, negando que o secretário-geral socialista esteja isolado na Europa e comparando-o a Soares.

O secretário-geral do PS, António José Seguro, acusou esta quarta-feira à noite a coligação PSD/CDS de recorrer à "táctica de Salazar", quando o acusam de prejudicar Portugal por criticar, no estrangeiro, a política do Governo português.

No discurso que proferiu no Porto, na sessão de apresentação oficial de Francisco Assis como cabeça de lista do PS nas eleições para o Parlamento Europeu, Seguro respondeu aos ataques de que, horas antes, tinha sido alvo no Parlamento e na apresentação do programa eleitoral dos candidatos da coligação PSD/CDS às europeias de 25 de Maio. Paulo Rangel e Nuno Melo tinham acusado Seguro de ter prejudicado os interesses de Portugal na conferência que, na véspera, fez na London School of Economics, em Londres, sobre uma estratégia “alternativa” para a economia portuguesa após o fim do programa der assistência. “Só me lembro dos meus pais e amigos dos meus pais e mais tarde de eu próprio ler: era a táctica de Salazar; era a teoria dos maus compatriotas”, comparou Seguro.

Os tempos de Salazar também haviam sido evocados momentos antes por Francisco Assis, quando aludiu à pergunta “estamos pior ou melhor?” lançada pelo líder do PSD e primeiro-ministro ao XXXV congresso dos sociais-democratas, realizado há quinze dias no Coliseu dos Recreios, em Lisboa: “Isto só me lembra o tempo de Salazar, que tinha lingotes de ouro guardado, mas os portugueses estavam como estavam”, comentou Assis.

Na sala dos despachantes na Alfândega do Porto, marcaram presença vários eurodeputados socialistas, como Ana Gomes, Elisa Ferreira, Edite Estrela, Capoulas Santos e Correia de Campos - numa altura em que a constituição da lista do PS para 25 de Maio ainda não está definida -, e muitos deputados e autarcas do PS.

Todos ouviram também Assis, que foi adversário de Seguro na última disputa pela liderança do PS, defender o actual secretário-geral do partido. Francisco Assis refutou a ideia, agora defendida pela coligação PSD/CDS, de que o líder socialista seja um homem isolado no seio da sua própria família política, no plano interno e europeu. E recordou que se disse o mesmo de Mário Soares, que negociou e concretizou a adesão de Portugal à Comunidade Económica Europeia.

António José Seguro também levou para o Porto algumas das posições que, horas antes, marcaram o seu confronto com Pedro Passos Coelho em Lisboa, no debate quinzenal do primeiro-ministro com o Parlamento. Seguro reiterou que o Governo “nunca contará com a cumplicidade do PS” para aplicar mais “políticas de empobrecimento” ao país, numa alusão aos “novos cortes” que acusa o primeiro-ministro de estar a acordar com a troika, nomeadamente nas funções sociais do Estado.

“É a matriz comportamental deste primeiro-ministro. Sempre que tem avaliações com a troika ou acordos a fazer, regressa a ladainha do consenso”, declarou Seguro, referindo que os novos cortes - que Passos negou ter acordado - não terão a concordância do PS. “Direi com toda a clareza que o primeiro-ministro nunca terá a cumplicidade do PS para mais políticas de empobrecimento”, insistiu o líder socialista.

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