União Europeia deve combater a crise e defender os seus povos, afirma Seguro

A União Europeia (UE) deve combater a crise e defender os seus povos afirmou nesta terça-feira António José Seguro em Londres, numa conferência a convite da prestigiada London School of Economics (LSE).

Foi desta forma que o secretário-geral do PS concluiu a visita de dois dias à capital britânica onde, na segunda-feira, manteve uma reunião de trabalho com Ed Miliband, líder do Partido Trabalhista.

Para que a UE, nomeadamente os 18 países da eurozona, consiga responder aos desafios de ultrapassar a crise e de promoção do bem-estar social, Seguro defendeu quatro medidas. A eurozona deve ser uma genuína união económica e monetária que, entre outros objectivos, deve assentar numa coordenação das 18 políticas fiscais da eurozona.

A segunda medida deste roteiro, em tudo igual ao que o dirigente socialista apresentou há duas semanas no Estoril na conferência do semanário The Economist, é a constituição de um fundo europeu para a mutualização das dívidas soberanas acima do patamar dos 60%.

A separação do rating das empresas do relativo aos Estados foi também defendida. Seguro voltou a recorrer ao exemplo das taxas de juro praticadas para empresas portuguesas e alemãs do mesmo sector de actividade que, pela diferença do rating de Portugal e da Alemanha, penaliza as companhias lusas. Prejudicando, deste modo, a competitividade das empresas nacionais.

Por fim, o Banco Central Europeu (BCE) deve actuar contra a especulação de mercados. Tal função do BCE, recordou o secretário-geral do PS, seria comparável à desempenhada pelo Banco de Inglaterra, a Reserva Federal dos Estados Unidos ou o Banco do Japão.

Seriam estes os fundamentos de uma “União Europeia que combate a crise e protege os seus povos, esta é a nova Europa que precisamos”, referiu António José Seguro.

Com estas bases, o dirigente socialista avançou para os pontos que defende na sua política económica. Recordou, a propósito, que existe em Portugal um consenso político maioritário quanto à necessidade de combater o défice orçamental. Mas, uma vez mais, desenhou a fronteira entre o principal partido da oposição da actual maioria conservadora, do PSD/CDS: “O que me separa do actual Governo português é a estratégia fiscal para equilibrar o défice.”

A qualificação da mão-de-obra e o investimento na educação pública são pontos que considerou essenciais. Como a reestruturação da economia portuguesa através do aumento da produção nacional que substitua as importações e o desenvolvimento de sectores concretos. Das energias renováveis ao agro-alimentar, e pela constituição de clusters, nichos, de desenvolvimento. À plateia da LSE, Seguro exemplificou com o nicho do mar, com a contribuição da construção naval, pescas, aquacultura e exploração de minérios.

A redução de custos administrativos e a aposta no porto de águas profundas de Sines como plataforma logística do comércio intercontinental foram outras das receitas defendidas pelo líder socialista português.

Por fim, António José Seguro referiu o aumento das exportações e a janela de oportunidade que se abre, a partir deste ano, com os 20 mil milhões de euros dos fundos comunitários. “É uma oportunidade única para investir no melhor do meu país”, disse.

A política que Seguro defendeu contrasta com os efeitos negativos da receita da troika. A austeridade expansiva, referiu, não resolveu o défice – dos três pontos previstos no memorando aos 5,2 para 2013 admitidos pelo executivo à recessão económica, com uma queda de 6% por cento do produto interno bruto desde 2008.

“O meu país está mais pobre e a desigualdade aumentou entre os portugueses”, sintetizou o secretário-geral do PS.

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