Galp lamenta medidas que mostram desconfiança no mercado de combustíveis
Ferreira de Oliveira diz que as medidas do Governo como a criação de postos de gasolina low cost e a fixação de preços de referência no sector dos combustíveis mostram desconfiança nesta indústria.
“Todas estas medidas pressupõem um sinal de desconfiança na indústria, de que não se trata de uma indústria transparente”, afirmou esta segunda-feira o presidente da Galp Energia, na apresentação de resultados de 2013. “Mais do que o acto em si, deixa-me triste o que está subjacente”, frisou.
Hoje os preços já são totalmente transparentes, garantiu o CEO. “Qualquer pessoa vê os preços no computador. Não sei o que são preços de referência, vamos ver qual será a capacidade inovadora da nova entidade”.
Ferreira de Oliveira à criação da nova entidade reguladora do sector, a EGREP, a quem caberá definir os preços de referência aplicáveis aos combustíveis. O presidente da Galp ironizou, lembrando que a empresa está sob a alçada de três reguladores (AdC, ERSE e EGREP) e está, por isso, “bem acompanhada”. “O que ela [EGREP] puder fazer para ajudar a tranquilizar os consumidores” sobre a questão dos preços será bem-vindo, garantiu.
“Há um ambiente competitivo” nos combustíveis, frisou, notando que mais de 70% das vendas da empresa são feitas em desconto (que atingiram 68,5 milhões de euros em 2013). “Não percebemos por isso alguma legislação que continua por aí a ser cozinhada”, acrescentou.
Referindo-se à obrigatoriedade de todos os postos de combustíveis passarem a ter oferta low cost (o ministro do Ambiente, Moreira da Silva, afirmou recentemente que a legislação deverá estar pronta "em breve"), Ferreira de Oliveira declarou que é uma medida que não deixa a Galp preocupada. “É mais uma coisa que não sabemos o que é, estamos à espera”.
O líder da Galp voltou a manifestar “a incompreensão” da petrolífera face à taxa extraordinária aplicável às empresas do sector energético que foi introduzida no Orçamento do Estado para 2014 e que, no caso da Galp, irá custar cerca de 35 milhões de euros.
“Aplicar a taxa aos nossos activos regulados de distribuição, não gosto, mas percebo. Aplicá-la aos activos de refinação, não gosto, nem percebo”, afirmou Ferreira de Oliveira, sem adiantar se a empresa pretende recorrer judicialmente da medida.
“Já manifestámos o nosso descontentamento ao Governo, vamos ver o que sai daqui”, afirmou, dizendo que, no caso da refinação, “o mínimo” que pode ser feito é tentar que a medida “não se repita”.
Lucros da Galp caem quase 14% em 2013
O resultado líquido da Galp Energia caiu 13,9% em 2013, em comparação com 2012, alcançando 310 milhões de euros. O resultado operacional a custo de substituição foi de 231 milhões de euros, uma redução de 14 milhões face ao ano anterior “que se explica pelo aumento dos custos de produção e das amortizações”, refere a empresa, em comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários.
O volume de vendas a clientes directos manteve-se em linha com o de 2012 (9,9 milhões de toneladas, um crescimento de 1,1%). As vendas a clientes em África representaram 8% do total e as exportações para fora da Península Ibérica cresceram 21% para quatro milhões de toneladas. As vendas para o estrangeiro de gasolina, fuelóleo e gasóleo representarem 30%, 29% e 19% do total, respectivamente.
De acordo com o comunicado, no final do ano passado a Galp Energia contava com 1439 estações de serviço na Península Ibérica e em África, menos 47 do que em 2012, “em resultado do esforço contínuo de aumento da eficiência da rede”.
As vendas totais de gás natural atingiram o máximo histórico de 7090 milhões de metros cúbicos, mais 13,4% face a 2012. Quanto à produção total, manteve-se estável graças ao aumento da produção no Brasil, que compensou a queda de 5% da produção com origem em Angola.
“O acontecimento mais marcante de 2013 foi a entrada em operação do complexo de hydrocracking em Sines, que tornou o aparelho refinador da Galp Energia mais complexo e flexível, permitindo-lhe processar uma dieta de crudes mais diversificada”, assinala a empresa.
No ano passado, a empresa investiu um total de 963 milhões de euros, 75% dos quais foram destinados ao negócio de exploração e produção, sobretudo no desenvolvimento do campo Lula/Iracema, no Brasil.