Galp lamenta medidas que mostram desconfiança no mercado de combustíveis

Ferreira de Oliveira diz que as medidas do Governo como a criação de postos de gasolina low cost e a fixação de preços de referência no sector dos combustíveis mostram desconfiança nesta indústria.

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Exportações para fora da Península Ibérica cresceram 21% Paulo Ricca

“Todas estas medidas pressupõem um sinal de desconfiança na indústria, de que não se trata de uma indústria transparente”, afirmou esta segunda-feira o presidente da Galp Energia, na apresentação de resultados de 2013. “Mais do que o acto em si, deixa-me triste o que está subjacente”, frisou.

Hoje os preços já são totalmente transparentes, garantiu o CEO. “Qualquer pessoa vê os preços no computador. Não sei o que são preços de referência, vamos ver qual será a capacidade inovadora da nova entidade”.

Ferreira de Oliveira à criação da nova entidade reguladora do sector, a EGREP, a quem caberá definir os preços de referência aplicáveis aos combustíveis. O presidente da Galp ironizou, lembrando que a empresa está sob a alçada de três reguladores (AdC, ERSE e EGREP) e está, por isso, “bem acompanhada”. “O que ela [EGREP] puder fazer para ajudar a tranquilizar os consumidores” sobre a questão dos preços será bem-vindo, garantiu.

“Há um ambiente competitivo” nos combustíveis, frisou, notando que mais de 70% das vendas da empresa são feitas em desconto (que atingiram 68,5 milhões de euros em 2013). “Não percebemos por isso alguma legislação que continua por aí a ser cozinhada”, acrescentou.

Referindo-se à obrigatoriedade de todos os postos de combustíveis passarem a ter oferta low cost (o ministro do Ambiente, Moreira da Silva, afirmou recentemente que a legislação deverá estar pronta "em breve"), Ferreira de Oliveira declarou que é uma medida que não deixa a Galp preocupada. “É mais uma coisa que não sabemos o que é, estamos à espera”.

O líder da Galp voltou a manifestar “a incompreensão” da petrolífera face à taxa extraordinária aplicável às empresas do sector energético que foi introduzida no Orçamento do Estado para 2014 e que, no caso da Galp, irá custar cerca de 35 milhões de euros.

“Aplicar a taxa aos nossos activos regulados de distribuição, não gosto, mas percebo. Aplicá-la aos activos de refinação, não gosto, nem percebo”, afirmou Ferreira de Oliveira, sem adiantar se a empresa pretende recorrer judicialmente da medida.

“Já manifestámos o nosso descontentamento ao Governo, vamos ver o que sai daqui”, afirmou, dizendo que, no caso da refinação, “o mínimo” que pode ser feito é tentar que a medida “não se repita”.

Lucros da Galp caem quase 14% em 2013
O resultado líquido da Galp Energia caiu 13,9% em 2013, em comparação com 2012, alcançando 310 milhões de euros. O resultado operacional a custo de substituição foi de 231 milhões de euros, uma redução de 14 milhões face ao ano anterior “que se explica pelo aumento dos custos de produção e das amortizações”, refere a empresa, em comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários.

O volume de vendas a clientes directos manteve-se em linha com o de 2012 (9,9 milhões de toneladas, um crescimento de 1,1%). As vendas a clientes em África representaram 8% do total e as exportações para fora da Península Ibérica cresceram 21% para quatro milhões de toneladas. As vendas para o estrangeiro de gasolina, fuelóleo e gasóleo representarem 30%, 29% e 19% do total, respectivamente.

De acordo com o comunicado, no final do ano passado a Galp Energia contava com 1439 estações de serviço na Península Ibérica e em África, menos 47 do que em 2012, “em resultado do esforço contínuo de aumento da eficiência da rede”.

As vendas totais de gás natural atingiram o máximo histórico de 7090 milhões de metros cúbicos, mais 13,4% face a 2012. Quanto à produção total, manteve-se estável graças ao aumento da produção no Brasil, que compensou a queda de 5% da produção com origem em Angola.

“O acontecimento mais marcante de 2013 foi a entrada em operação do complexo de hydrocracking em Sines, que tornou o aparelho refinador da Galp Energia mais complexo e flexível, permitindo-lhe processar uma dieta de crudes mais diversificada”, assinala a empresa.

No ano passado, a empresa investiu um total de 963 milhões de euros, 75% dos quais foram destinados ao negócio de exploração e produção, sobretudo no desenvolvimento do campo Lula/Iracema, no Brasil.
 
 

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