Parceiros sociais lamentam que auditoria do PE não tenha impacto no actual programa

Sindicatos e patrões dizem que reunião com os deputados europeus foi útil, mas apenas terá consequências para o futuro.

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Carlos Silva quer apurar responsabilidades Daniel rocha

A auditoria do Parlamento Europeu (PE) à actuação da troika em Portugal “chega tarde” e apenas terá consequências em futuros programas. Este é o entendimento dos representantes das confederações patronais e centrais sindicais que na segunda-feira reuniram com uma delegação de deputados europeus, que está em Portugal para avaliar a forma como as instituições internacionais conduziram o programa de resgate.

Durante o encontro, que ocorreu na sede do Conselho Económico e Social, em Lisboa, os parceiros sociais renovaram as críticas à austeridade excessiva e pediram um maior controlo do PE a este tipo de programas.

“Mais vale tarde que nunca”, ironizou Carlos Silva, secretário-geral da UGT. “Exigimos que haja consequências para o futuro nesta actuação da troika e que esta monitorização seja realizada por instituições comunitárias no futuro", afirmou o sindicalista, citado pela Lusa.

Para a UGT, "a troika ultrapassou todas as competências, os limites estipulados em todos os tratados europeus, é uma organização que não tem legitimidade democrática, é uma organização burocrata, eurocrata, e que neste caso teve mais poder do que o Governo português".

Arménio Carlos, líder da CGTP, também pede consequências: “Se esta delegação do Parlamento Europeu esteve aqui para auscultar os parceiros e se não tiver em conta aquilo que se passa em Portugal em termos da degradação profundíssima do plano económico e social, a União Europeia andou a gastar dinheiro para nada".

Do lado das confederações patronais, o vice-presidente da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP), Vasco de Melo, lamentou que as conclusões que possam sair desta avaliação feita pelos eurodeputados não tenham consequências práticas e que se trate de “uma comissão para memória futura".

Referiu ainda que "não existe por parte do Parlamento [Europeu] qualquer mecanismo de controlo em relação aos argumentos europeus da troika", uma realidade que a CCP gostaria de ver alterada.

“Esperamos que no futuro possa haver um controlo político por parte de políticos legitimados pelo voto e não por parte de funcionários sem qualquer legitimidade política”, referiu por seu turno o presidente da Confederação dos Agricultores de Portugal, João Machado.

Mas também este dirigente duvida que, a cinco meses do fim do programa português, as conclusões do relatório cheguem a tempo. Ainda assim tem esperança que “provoque alterações em programas futuros”.

Os deputados europeus reuniram também com o governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, e com o vice-primeiro-ministro, Paulo Portas, sem declarações aos jornalistas.

 
 
 
 

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