Dois terços dos americanos desaprovam comportamento dos republicanos no Congresso

Senadores próximos de um compromisso para pôr fim à crise orçamental e reabrir os serviços públicos.

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Senador republicano Mitch McConnell confiante num acordo REUTERS/Joshua Roberts

Quase dois terços dos americanos discordam da posição assumida pelo Partido Republicano e responsabilizam a bancada conservadora pelo impasse legislativo que levou ao encerramento parcial do Governo federal dos Estados Unidos, revela a última sondagem referente às opiniões sobre o shutdown.

De acordo com os números da sondagem ABC/Washington Post, 74% dos inquiridos “desaprova a forma como o Partido Republicano no Congresso está a gerir as negociações relativas ao orçamento federal”. Esse número é 11 pontos mais alto àquele que a mesma organização contou no fim de Setembro, quando começou a “crise” para a aprovação das contas do Estado.

Apesar de castigarem severamente os republicanos, os norte-americanos não ilibam os legisladores do Partido Democrata e a Casa Branca de responsabilidades pela paralisia em Washington e no país.

O trabalho dos democratas – que estão em minoria na Câmara de Representantes mas dominam o Senado, onde decorrem agora as negociações para ultrapassar a crise – merece a desaprovação de 61% dos inquiridos.

A avaliação do desempenho do Presidente Barack Obama manteve-se mais constante durante os últimos dias, mas também não é famosa: a 29 de Setembro, 50% dos norte-americanos estavam descontentes com a postura da Casa Branca nas negociações. Numa semana, essa apreciação piorou para os 51% e agora está nos 53%.

Barack Obama cancelou uma reunião marcada para ontem com os líderes das duas câmaras do Congresso, depois de receber informação de que um compromisso entre os republicanos e os democratas no Senado estaria iminente. Ao final da tarde, os negociadores de ambos os partidos reportaram “tremendos progressos” nas negociações, e estimaram que um acordo final deveria ser alcançado durante o dia de hoje.

Segundo a imprensa americana, os senadores estariam a fechar os detalhes de uma proposta que prevê o financiamento da actividade do Governo federal até ao próximo dia 15 de Janeiro e a extensão da capacidade de endividamento público até 15 de Fevereiro. A solução temporária permite reabrir imediatamente os serviços públicos que estão suspensos há duas semanas e evitar o default da economia americana por incumprimento das obrigações financeiras com os credores do país.

Para resolver o problema de fundo da crise orçamental, o acordo propõe a criação de uma “conferência” bipartidária que terá de desenhar uma solução duradoura para a redução do défice federal até 15 de Dezembro. Os legisladores poderão recorrer ao trabalho apresentado pela comissão Simpson-Bowles (os nomes dos dois principais negociadores, um de cada partido), que estabelecia os termos para uma chamada Grand Bargain: uma solução “mista” para a redução do défice que consagra os cortes na despesa pública defendidos pelos republicanos, mas também a revisão fiscal para aumentar a receita, exigida pelos democratas.

Por causa das regras processuais, a proposta do Senado precisa de votos da bancada republicana para ser aprovada – os democratas têm uma maioria de 54 votos mas são precisos 60 para ultrapassar um filibuster. Esse foi o expediente utilizado pelo senador republicano do Texas, Ted Cruz, para impedir a votação do Orçamento, por causa da sua oposição à entrada em vigor do programa de subscrição obrigatória de seguros de saúde (ou Obamacare) consagrado na reforma aprovada pelo Presidente Barack Obama para assegurar o acesso universal a cuidados médicos.

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