“Está feito”, desabafou Costa. “Agora descansa”, pediu-lhe Seguro

A dois dias das eleições, o líder socialista voltou a partilhar as ruas de Lisboa com o candidato à câmara e seu quase-rival à liderança António Costa

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Seguro e Costa esta quinta-feira na baixa de Lisboa Nuno Ferreira Santos
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Os socialistas aproximaram a sua proposta da do PSD Nuno Ferreira Santos
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Seguro e Costa esta quinta-feira na baixa de Lisboa Nuno Ferreira Santos
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Seguro e Costa esta quinta-feira na baixa de Lisboa Nuno Ferreira Santos
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Ao longo das duas horas de arruada, António Costa e António José Seguro - candidato à liderança da capital e líder do PS, respectivamente – seguiram lado a lado sem dar qualquer sinal da tensão que, há uns meses, esteve prestes a empurrá-los para um combate fraticida no partido.

O desfecho climático deu-se debaixo do arco da Rua Augusta, à entrada do Terreiro do Paço. Sob o olhar das estátuas da Glória, que coroa o Génio e o Valor, Costa e Seguro abraçaram-se numa despedida saudada pelos cerca de 300 apoiantes que os acompanhavam na inicitiva. Minutos antes, os dois socialistas tinham partilhado um pequeno degrau a meio da rua Augusta, a partir do qual o autarca fez o seu apelo ao voto. “É preciso não esquecer que as eleições nunca estão ganhas antes da votação. É preciso votar no domingo”, gritava Costa ao microfone. “Está feito”, desabafou Costa enquanto os apoiantes aclamavam. “Agora descansa”, respondeu-lhe o secretário-geral naquela coloquial camaradagem socialista.

Ao longo da arruada foi visível o trato polido entre os dois. Seguro puxava o braço de Costa para lhe apontar a que varanda acenar na Rua do Carmo. O autarca punha a mão nas costas do secretário-geral enquanto lhe explicava as melhorias que fora fazendo na baixa durante o seu mandato.

Mesmo as hostes de ambos os socialistas se misturavam na comitiva da campanha. João Tiago Silveira – que no ultimo Congresso apresentou o documento que, entre outras ideias, pretende consagrar a existência de eleições primárias abertas aos simpatizantes na escolha do secretário-geral do PS – partilhou o passeio com Eurico Dias, conselheiro de Seguro. O deputado João Galamba seguia a poucos passos de Vera Jardim.

De resto, a passeata ia sendo preenchida com as personalidades de cada um dos dois socialistas. Seguro mais disponível para se desviar do percurso para apertar a mão a quem o observava. E Costa pronto a ouvir uma qualquer lisboeta que o abordasse. Como foi o caso de Cândida Neves, que se chegou ao edil para lhe dar conta da sua queixa. Há um ano um buraco e uma pedra da calçada mal assentada no passeio atiraram-na ao chão e para uma cama do hospital. De onde só saiu com uma prótese na anca. Queria que a câmara assumisse as suas responsabilidades. “A carta, já enviou?”, perguntou-lhe Costa. “E qual é o seu nome?”, perguntou. “Nós tratamos disso”, disse, descansandoa reformada.

Para evitar episódios semelhantes na campanha, o PS destacou quatro corpulentos militantes para vigiar as costas dos fotógrafos e operadores de imagem que caminhavam para trás enquanto fotografavam a descida. “Já uma colega vossa partiu a anca no outro dia”, explicava a assessora de Costa, Maria Rui.

Uma campanha tem sempre os seus custos. Até para os candidatos. A intervenção telegráfica de Costa deveu-se a isso. Estava sem voz depois de semanas de comícios.
 
 
 

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