Irão e China aplaudem iniciativa de Moscovo para travar ataque contra a Síria

Teerão diz que decisão para a entrega a inspectores internacionais de arsenal químico do regime sírio deve também estender-se aos "grupos terroristas" que operam no país.

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Apoiantes de Bashar al-Assad protestam frente à Casa Branca Karen BLEIER/AFP

Um dia depois de a Rússia propor à Síria a entrega do seu arsenal de armas químicas a inspectores internacionais, para assim evitar um ataque dos EUA, o Irão e a China acolhem e saúdam a iniciativa, mas Teerão coloca condições. Pequim tem esperança numa solução política da crise síria.

Teerão disse acolher “favoravelmente a iniciativa que visa impedir toda e qualquer acção militar” contra o regime de Damasco, mas quer que “esse esforço” inclua “também as armas químicas de que dispõem os grupos rebeldes sírios”. O arsenal sírio, um dos mais importantes do mundo, está avaliado pelos serviços secretos franceses em 1,4 toneladas, lembra a AFP.

“Queremos que a nossa região fique livre de todas as armas de destruição em massa”, afirmou nesta terça-feira a porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros  do Irão, que é o principal apoio da Síria na região. E acrescentou: “Já manifestámos a nossa preocupação relativamente à posse de armas químicas por grupos terrorista" (termo utilizado por Teerão para grupos ligados à Al-Qaeda na Síria). “Toda e qualquer iniciativa deve estender-se a estes grupos.”

Esperança numa solução
Também a China “saúda” e “apoia” a oferta de Moscovo, que espera venha a “aliviar a tensão na Síria” e contribua para “uma resolução política da crise”. Pequim reagiu também através do porta-voz dos Negócios Estrangeiros, para quem a comunidade internacional deve "dar crédito" à proposta de Moscovo. China e Rússia são os dois membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU que se preparavam para vetar um plano de Washington de ataque militar na Síria se este fosse discutido em Nova Iorque.

O Presidente dos EUA, Barack Obama, que se prepara para um discurso nesta terça-feira à noite a partir da Casa Branca em defesa do seu plano contra Damasco, reconheceu em entrevistas às principais estações de televisão que essa proposta podia abrir a porta a uma solução alternativa e admitiu suspender um ataque se tiver garantias de que a proposta é suficientemente credível para ser cumprida.

Para a oposição síria, que reagiu a partir de Beirute, no Líbano, a oferta russa, anunciada pelo chefe da diplomacia Serguei Lavrov, não é mais do que uma “manobra política” para travar a reacção dos EUA.

Washington responsabiliza o regime do Presidente sírio Bashar al-Assad pelo ataque químico, em zonas predominantemente rebeldes em volta de Damasco, no passado dia 21 de Agosto. Assad nega qualquer responsabilidade nesse massacre que, segundo a Administração Obama, provocou a morte de 1429 pessoas.
 
 

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