Futuro do cão que matou bebé em Beja nas mãos dos veterinários do canil

Ministério Público decidiu que animal deixou de ter valor probatório. Veterinários do canil intermunicipal da Resialentejo ainda não decidiram o que fazer com o Zico.

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Reuters

“A Animal foi ontem notificada pelo Ministério Público de Beja de que o valor probatório do cão Zico terá sido levantado, o que significa que a decisão do seu abate passa inteiramente para as mãos da médica veterinária municipal de Beja”, avança a associação num comunicado enviado à comunicação social. Isto significa que o cão deixou de ser considerado necessário para o processo que decorre na justiça.

No entanto, contactado pelo PÚBLICO, António Sebastião, presidente do canil intermunicipal da Resialentejo (Cagia), onde está o animal, garantiu que a decisão não será tomada exclusivamente pela veterinária municipal de Beja – que estava ao serviço do canil em Janeiro, quando ocorreu o ataque, e encaminhou o cão para abate. "Vai ser uma decisão em conjunto, tomada por todos os veterinários do canil", afirmou.

O responsável do canil que engloba oito municípios alentejanos disse ainda que recebeu a notificação do Ministério Público "há alguns dias" e que ainda não foi tomada qualquer decisão sobre o futuro do cão. "Terá de ser tomada, mas ainda não reunimos", afirmou.

Rita Silva, presidente desta associação de protecção de animais, diz que nesta sexta-feira foi apresentado um requerimento no Tribunal Administrativo e Fiscal de Beja para “impedir que a veterinária decida pelo abate do Zico”. A associação defende que o cão deve ser recuperado através do apoio de técnicos especializados em comportamento animal.

O cão, com nove anos e de grande porte, foi levado em Janeiro para abate por decisão da veterinária municipal de Beja, depois de ter mordido na cabeça Dinis Janeiro, uma criança de 18 meses, que acabou por morrer no hospital com um traumatismo crânio-encefálico grave. Dias depois, o abate foi suspenso por decisão do Ministério Público de Beja enquanto decorrem as investigações.

A Animal tentou visitar o cão que se encontra alojado no canil intermunicipal da Resialentejo desde 7 de Janeiro numa jaula de três metros quadrados, sem fazer exercício, mas o seu pedido foi negado. À associação foi ainda negada a possibilidade de se tornar assistente no processo, depois de não lhe ter sido considerada legitimidade para tal. “A forma como a Animal tem sido tratada neste caso é ultrajante”, afirma em comunicado.
 

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