Governo diz não entender críticas do FMI sobre preços da electricidade em Portugal

Abebe Selassie quer que sacrifícios sejam repartidos de forma justa, por isso defende preços mais baixos para electricidade e telecomunicações.

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Os ambientalistas dizem que a electricidade a produzir nestas barragens poderia ser obtida com medidas de eficiência energética Paulo Ricca

O secretário de Estado da Energia afirmou nesta sexta-feira não perceber as críticas de Abebe Selassie, representante do FMI na troika, sobre o seu desapontamento de os preços da electricidade não baixarem, já que foi um plano “sancionado pela própria troika”.

Artur Trindade, que falava aos jornalistas no final da apresentação de um simulador da EDP sobre a energia em Portugal em 2050, afirmou não parecer “lógico” a troika (Fundo Monetário Internacional, Comissão Europeia, Banco Central Europeu) estar “a criticar um plano que eles próprios aprovaram”, acrescentando que as declarações de Abebe Selassie poderão ser “uma alusão aos problemas de concorrência que historicamente acontecem no sector da energia, das telecomunicações e outras”.

A 24 de Março, o chefe de missão do FMI, Abebe Selassie, em entrevista à Lusa, considerou muito desapontante o facto de os preços da electricidade e das telecomunicações não terem descido e que esta questão é importante para garantir que os sacrifícios são repartidos de forma justa.

O secretário de Estado afirmou ter “um plano acordado com a troika, que inclui o FMI obviamente”, mas reconheceu haver “problemas no mercado que estão fora desse plano”.

“Sempre sinalizámos à troika e ao FMI que o calendário de liberalização das tarifas era ambicioso e foi sempre a troika e o FMI que quiseram encurtar esse calendário”, observou, acrescentando que sempre alertou que o mercado português “era especial” e que haveria que atender "com cuidado" à concorrência.

Artur Trindade fez questão de frisar que “foi o Governo que negociou com muito custo um calendário até 2015 porque a troika queria que todas as tarifas reguladas fossem extintas no dia 1 de Janeiro de 2013”, adiantando que se há problemas com a concorrência, o Governo “avisou a troika”.
 

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