Moody’s alerta para fuga de depósitos nos países periféricos

Agência de rating alerta para implicações na zona euro da aplicação da sobretaxa sobre os depósitos noa bancos cipriotas.

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O Presidente cipriota, Nicos Anastasiades, à chegada ao Parlamento YIANNIS KOURTOGLOU/AFP

A agência Moody’s afirmou nesta segunda-feira que a decisão do Eurogrupo de impor uma taxa sobre os depósitos em Chipre pode levar à fuga de depósitos nos bancos dos países periféricos e levar a cortes nos ratings da banca europeia.

“Mesmo que os riscos neste caso sejam de alguma forma limitados pelo facto de os problemas do sistema bancário – exposição à economia grega e mercado imobiliário nacional – serem claramente limitados a Chipre, a decisão de impor perdas aos depositantes sinaliza a disposição dos decisores europeus de causar disfunções mais vastas no mercado financeiro para impor outras decisões de política”, diz a agência numa nota publicada esta segunda-feira.

A Moody’s considera que esta medida pode levar à fuga de depósitos dos países periféricos, entre os quais se inclui Portugal, e minimiza a tentativa dos decisores políticos europeus – caso do comissário europeu para os Assuntos Económicos, Olli Rehn – de garantirem que se trata de uma decisão limitada a Chipre e que não seria aplicável a outros países, defendendo que esta pode ter implicações negativas na avaliação que fará dos bancos europeus.
 

“Apesar de as declarações dos decisores políticos minimizarem a sua natureza inédita, esta decisão é significativa e pode ter implicações negativas sobre as razões em que se baseiam os ratings [avaliações] dos bancos na Europa”, diz a mesma nota.

A Moody’s afirma também que as implicações desta decisão sobre os ratings dos países ainda não são claras e que esta decisão de impor perdas aos depositantes revela um “afastamento significativo da posição de apoio no passado por parte das autoridades nacionais e do Eurogrupo – incluindo o recente apoio aos bancos espanhóis e à seguradora holandesa SNS Reaal – nos quais as perdas foram contidas”.

Ainda assim, a decisão do resgate financeiro evita, para já, o risco de uma reestruturação da dívida pública de Chipre, segundo a Moody’s. “O acordo demonstra o desejo dos decisores políticos de evitar mais falências de países para além da Grécia, e é consistente com as declarações nos últimos meses que garantem que este era um caso único. Ao evitar o risco de uma reestruturação de um país, este acordo reduz o risco de contágio aos mercados de financiamento de dívida pública”, acrescenta.

O acordo alcançado na madrugada de sábado pelo Eurogrupo vai permitir ao país receber um empréstimo de 10 mil milhões de euros das entidades internacionais, mas também obrigada à aplicação imediata de uma taxa sobre todos os depósitos bancários que atinge os 6,75% até aos 100 mil euros e passa a 9,9% acima dos 100 mil euros.

Em troca do corte nos seus depósitos os depositantes deverão ficar com acções dos bancos. Para além disto, os juros que seriam pagos pela aplicação das poupanças dos clientes em depósitos são retidas na fonte, como imposto também, e o país é obrigado a aumentar a taxa de IRC de 10% para 12,5%.

Esta segunda-feira, o Governo cipriota terá acordado com os credores um projecto de lei que prevê taxas mais baixas para os pequenos depositantes.
 
 

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