Sindicatos acusam Continente e Pingo Doce de não respeitarem direito à greve

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Supermercados da Sonae e da Jerónimo Martins vão estar abertos no feriado Pedro Elias/Arquivo

Paralisação foi marcada para que os trabalhadores pudessem celebrar o 1.º de Maio. Empresas da Sonae e da Jerónimo Martins vão abrir portas no feriado.

A Federação Portuguesa dos Sindicatos do Comércio e Serviços (FEPCES) acusou nesta segunda-feira as empresas da grande distribuição de não respeitarem o direito à greve. Os sindicatos avançaram com um pré-aviso de paralisação para o 1.º de Maio para que “todos os trabalhadores pudessem comemorar o Dia Internacional do Trabalhador”. Contudo, garantem que em lojas do Pingo Doce e do Continente os funcionários estão a ser “ameaçados pelas chefias com faltas injustificadas”, caso não compareçam amanhã ao trabalho.

Em comunicado, a FEPCES diz que já “oficiou” as duas empresas para que “os direitos dos trabalhadores sejam respeitados e a Constituição cumprida”.

Fonte da Sonae, dona do Continente (e do PÚBLICO) contesta a acusação e diz que a informação divulgada pelos sindicatos “não é verdadeira”. “Privilegiando a defesa dos interesses dos portugueses, do sector e dos seus colaboradores, a Sonae MC vai abrir as suas unidades no dia 1 de Maio, nos mesmos termos do ano passado”, diz a empresa. Em 2011 todas as unidades do grupo abriram portas “demonstrando a vontade e o interesse da esmagadora maioria dos colaboradores”.O PÚBLICO contactou o grupo Jerónimo Martins, que detém o Pingo Doce, mas não vai ser possível obter um comentário. Os escritórios da empresa estão hoje encerrados.

Pela primeira vez desde 1970, ano em que entrou em Portugal, o grupo francês Auchan também decidiu abrir os seus 23 hipermercados Jumbo e 10 lojas Pão de Açúcar no 1º de Maio.A crise e o facto de outros operadores concorrentes abrirem portas aos feriados, nomeadamente no Dia do Trabalhador, ditaram a decisão.

Polémica repete-se

O funcionamento do comércio alimentar no 1º de Maio é quase sempre marcada por tensão entre os sindicatos e o sector da grande distribuição. O ano passado a FEPCES também marcou greve para este dia mas a Associação Portuguesa das Empresas da Grande Distribuição (APED) invocou a prestação de serviços ao consumidor e o contexto económico difícil para defender o funcionamento do comércio no Dia do Trabalhador.

Na altura, as câmaras de Braga e de Setúbal chegaram a emitir despachos a mandar encerrar as grandes superfícies comerciais. O presidente da Câmara de Braga, Mesquita Machado (PS), justificou que o 1.º Maio “deve, no quadro dos valores que representa, ser credor do respeito pelos diversos parceiros institucionais”.

Já a autarca de Setúbal, Maria das Dores Meira (CDU), sublinhou que a decisão teve em conta que o feriado releva “um conjunto de referências simbólicas na esfera da salvaguarda e conquista de princípios hoje consolidados no quadro dos direitos dos trabalhadores”.

Notícia actualizada às 13h16

Incluí reacções do grupo Sonae e informação sobre o grupo Auchan.

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