Juros da dívida batem novos recordes a dez e cinco anos

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Cláudia Andrade (arquivo)

Os juros da dívida pública registados nos mercados secundários estão hoje a subir acentuadamente e a bater novos máximos da era do euro nos prazos acima de dois anos.

As taxas a dez, cinco e três anos estão mesmo com os valores mais elevados desde meados da década de 1990, ainda bem antes do lançamento da moeda única em 1999.

Os juros nestes prazo, tinham registado uma pequena descida após o anúncio do pedido de resgate, mas depois recomeçaram a subir e já superaram os valores anteriores. Nos prazos mais curtos, a descida foi nesse momento mais forte, mas entretanto também já recomeçaram a subir, se bem que sem atingir os níveis anteriores.

A subida dos juros portuguesas era acompanhada esta manhã pela dos da Grécia, cujo preço das obrigações estava a “afundar-se”, segundo a agência Bloomberg, devido a receios dos investidores de que os dois países possam ser obrigados a reestruturar a sua dívida, após declarações do ministro das Finanças da Alemanha sobre essa eventualidade no caso grego.

A taxa implícita das obrigações portuguesas a dez anos estava em 9,031 por cento às 9h35, o que constituía um novo recorde desde 1996, depois de ontem ter chegado ao fim dia em 8,806 por cento, segundo dados da agência Reuters (os que o PÚBLICO utiliza).

Para as obrigações a cinco anos, a taxa que se registava à mesma hora era de 10,469 por cento, face a 10,156 por cento no registo final de ontem, que já era um novo máximo desde 1995. Para o prazo a três anos, a taxa estava esta manhã em 9,901 (máximo desde 1996), face a 9,894 ontem ao fim do dia.

A taxas a dois anos estava em 9,383 por cento (8,091 por cento ontem), o que era um novo máximo desde que a Reuters apresentava dados, a partir de 1998.

A um ano e a seis meses, estavam pouco depois das 9h30 em respectivamente 9,786 e 7,670 por cento, face a respectivamente 8,091 e 7,347 por cento ontem.

Espanha com subida moderada

Os juros implícitos das obrigações espanholas a dez anos estavam a subir pelo segundo dia consecutivo, para 5,315 por cento pouco depois das 10h00, depois de ontem terem encerrado em 5,239 por cento.

As taxas a dez anos (referência do mercado) da Espanha têm oscilado desde o início do ano, em valores acima de cinco por cento e abaixo de 5,6, sugerindo que de momento a situação nos mercados está controlada.

O que se designa por “taxas implícitas” nos mercados secundários (onde se negoceiam de títulos de dívida que já foram emitidos pelos Estados) não representa os juros pagos por Portugal. São no entanto determinantes para os valores pagos quando o país se quer financiar nos mercados, e no limite podem inviabilizar a oobtenção de empréstimos por essa via.

As taxas implícitas resultam dos valores de transacções, ou apenas de intenções, comunicados às agências Reuters e Bloomberg por grandes operadores do mercado. Por se poder tratar apenas de comunicações voluntárias de um conjunto restrito de entidades, e por estes mercados serem pouco regulados, os valores das taxas implícitas não são muito exactos, deferindo entre as agências, e são particularmente vulneráveis à especulação.

Notícia actualizada às 13h01
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