Pai de soldado americano morto no Iémen pede investigação

Raide de 29 de Janeiro foi a primeira operação no estrangeiro aprovada pelo Presidente Trump.

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Graffiti contra ataques militares americanos no Iémen YAHYA ARHAB/EPA

O pai do soldado da unidade de elite SEAL que morreu numa operação no Iémen – a primeira autorizada pelo Presidente Donald Trump – quer que a operação seja investigada.

A operação, no dia 29 de Janeiro, pretendia ser um raide rápido num local de esconderijo da Al-Qaeda na Península Arábica, para retirar computadores e telefones móveis de uma casa. Mas o que parecia relativamente fácil tornou-se numa batalha longa com combatentes armados e deixou morto um dos elementos dos SEAL, William "Ryan" Owens, de 36 anos, e três elementos da equipa feridos. Morreram ainda cerca de 30 pessoas no terreno – estima-se que 14 fossem combatentes e mais de 20 civis.

A operação foi descrita ao New York Times por líderes militares como mal preparada e baseada em informação insuficiente: o local onde aterraram estava minado e o alvo foi fortemente defendido. “Tudo o que poderia ter corrido mal, correu”, comentaram.

Uma porta-voz do Pentágono, Sarah Huckabee Sanders, disse ao programa da estação de televisão ABC que, embora não tenha falado com o Presidente sobre a questão, “imagina” que ele “apoiará” uma investigação. A Casa Branca disse que o Departamento de Defesa faz por rotina avaliações de missões das quais resultaram perdas de vida.

"Não se escondam atrás da morte do meu filho"

Bill Owens falou ao jornal Miami Herald pela primeira vez após o raide e a morte do filho, lembrando como recusou a presença do Presidente, Donald Trump, na base da Força Aérea para receber o corpo do seu filho. “Não queria fazer uma cena”, disse. “Mas a minha consciência não me deixaria falar com ele.”

Trump acabou por estar presente na pequena cerimónia, mas não ao mesmo tempo que os pais de "Ryan" Owens.

O pai de Owens, militar veterano, questiona as razões de Trump ter autorizado a missão: “Por que é que tinha de haver esta missão estúpida quando a sua Administração não tinha nem uma semana?”, perguntou – a missão tinha sido autorizada a 26 de Janeiro. “Há dois anos, não havia ninguém no Iémen, não era considerado um alvo que valesse uma vida americana. Por que agora fazer esta grande demonstração?”

Trump aprovou a operação – concebida durante a anterior Administração de Barack Obama – num jantar com conselheiros incluindo o seu genro, Jared Kushner, o antigo director do site Breitbart Steve Bannon, o então conselheiro de segurança Nacional Mike Flynn, o director da CIA Mike Pompeo, e o secretário da Defesa Jim Mattis.

Trump não esteve no situation room (gabinete de crise) durante o raide (até porque publicou no Twitter quando a operação decorria, anunciando uma entrevista com uma estação de televisão cristã).

A Casa Branca diz que a operação foi um sucesso e acusa os críticos de denegrirem a memória do SEAL morto. O seu pai diz o contrário: “Não se escondam atrás da morte do meu filho para não fazer uma investigação”, declarou. “O Governo deve uma investigação ao meu filho.”

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