Comey diz que Trump o pressionou para anunciar que não estava sob investigação

Testemunho que o antigo director do FBI dará ao Senado foi divulgado. Confirma que o Presidente dos EUA lhe pediu para que a investigação a Michael Flynn fosse abandonada.

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LUSA/SHAWN THEW

O antigo director do FBI, James Comey, que foi despedido por Donald Trump, vai dizer no comité do Senado esta quinta-feira que o Presidente Donald Trump lhe pediu "fidelidade" e o pressionou repetidas vezes para dizer publicamente que ele não estava a ser investigado pela agência por suspeitas de ligações à Rússia.

O documento com o testemunho que será prestado por Comey foi revelado esta quarta-feira pelo comité de informação do Senado que irá receber o ex-director do FBI. No entanto, não se sabe porque foi divulgado antecipadamente.

Aí, Comey descreve uma reunião a 14 de Fevereiro - um dia depois da demissão de Michael Flynn - na Sala Oval da Casa Branca, onde Trump pediu o fim da investigação a Flynn, já seu ex-conselheiro para a segurança. Segundo relata Comey, no encontro estavam vários responsáveis da Administração e das agências federais. No final, o Presidente  pediu a todos que se retirassem para que ficasse a sós com Comey. E foi nessa altura que o pedido foi feito. O antigo responsável pelo FBI diz que considerou a situação “muito preocupante” e que redigiu “imediatamente” um memorando a descrever a conversa. Este documento foi tornado público em Maio e motivou a audiência desta quinta-feira.

Comey revela que escreveu vários memorandos sobre os encontros que foi tendo com Trump. Algo que nunca fez durante a presidência de Barack Obama, com quem se encontrou duas vezes. James Comey chegou à chefia do FBI em 2013.

Numa chamada a 30 de Março, Donald Trump perguntou a Comey o que poderia ser feito “para levantar a nuvem” que pairava sobre si, referindo-se à investigação federal sobre as ligações a Moscovo. Afirmou que este inquérito estava a prejudicar a sua capacidade para governar o país.

A última conversa entre ambos ocorreu na manhã de 11 de Abril, quando o Presidente telefonou a Comey, questionando-o mais uma vez o sobre o que tinha feito quanto ao seu pedido de anunciar publicamente que não tinha sido aberta qualquer investigação directa a Trump. Comey, lê-se no testemunho, respondeu que enviou o pedido ao procurador-geral adjunto mas que não obteve resposta. "Devia pôr as minhas pessoas a contactar o procurador-geral adjunto".

“Ele disse que iria fazer isso e acrescentou: ‘Porque eu tenho sido muito leal consigo, muito leal; nós temos aquela coisa que você sabe’”, acrescenta Comey no documento que antecipa o seu testemunho, referindo que não sabe de que falava o Presidente quando disse “aquela coisa”.

Segundo o Washington Post, Trump está furioso e frustrado e quer reagir ao testemunho de Comey. Os seus advogados e conselheiros têm estado a convencer o Presidente a conter-se mas, em privado, admitem que se estão a preparar para o pior cenário.

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