Prejuízos do grupo TAP recuam para 27,7 milhões

“Holding” que consolida o transporte aéreo, a manutenção e o handling da TAP registou em 2016 uma descida de 82,24% das perdas anuais, face a 2015.

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Daniel Rocha

A TAP SGPS, que detém todas as actividades do grupo aéreo, obteve um prejuízo de 27,7 milhões de euros em 2016, o que compara com perdas de 156 milhões no exercício anterior, segundo o relatório e contas da “holding”, avançou a agência Lusa.

Já antes de impostos, o resultado foi negativo em 28,3 milhões de euros, um desagravamento face aos 180,6 milhões negativos no ano anterior, enquanto a nível operacional (antes de gastos de financiamento e impostos), a empresa obteve um resultado positivo de 13 milhões de euros, o que compara com 117,3 milhões de euros negativos em 2015.

“O resultado apresentado pelo grupo, embora ainda negativo, apresentou uma significativa melhoria, estando contudo largamente influenciado por uma conjuntura marcadamente desfavorável em alguns dos principais mercados da empresa no longo curso, tradicionalmente mais rentáveis”, explica a administração no relatório e contas relativo ao ano passado.

Em particular, é destacado “o impacto da contínua recessão económica no Brasil, a contracção da economia angolana desde o decréscimo sustentado dos preços do petróleo e a deterioração continuada da economia venezuelana”.

A TAP SGPS, “holding” que consolida as várias empresas do grupo - desde, entre outros, o transporte aéreo, a manutenção e engenharia ou a actividade de 'handling' - empregava no final do ano passado 13.361 trabalhadores, mais 259 funcionários que em 2015.

No transporte aéreo, tal como já tinha sido anunciado, a companhia aérea TAP regressou aos lucros em 2016, com um resultado líquido de 33,5 milhões de euros, quando em 2015 registou um prejuízo de 99 milhões de euros, penalizado pela retenção de capitais na Venezuela.

“O regresso da companhia aérea aos lucros foi possível, apesar de uma quebra nas receitas, que totalizaram 2.242 milhões de euros, 156 milhões abaixo dos 2.398 milhões [de euros] registados em 2015", adiantou a TAP, no início de Março.

A companhia aérea liderada por Fernando Pinto explicou que “esta quebra [nas receitas], no entanto, foi fortemente compensada por uma redução ainda mais expressiva dos custos operacionais, que ficaram pelos 2.042 milhões [de euros], menos 227 milhões [de euros] do que em 2015”.

A TAP transportou em 2016 "um número recorde de passageiros, 11,7 milhões de euros, mais 400 mil do que em 2015.

Quanto à actividade da TAP - Manutenção e Engenharia Portugal , esta “evidenciou um total de proveitos gerados em vendas e prestações de serviços de manutenção a terceiros de 70 milhões, menos 23% que em 2015, diminuição decorrente da menor actividade de manutenção das aeronaves, em função da ausência de 'slots' disponíveis para terceiros”.

A SPDH - Serviços Portugueses de Handling (Groundforce Portugal) atingiu um lucro de 6,1 milhões de euros, face aos 1,3 milhões do exercício anterior.

A TAP - Manutenção e Engenharia Brasil registou um prejuízo de 31,9 milhões de euros em 2016. O grupo concluiu em 2015 o plano de reestruturação da manutenção no Brasil - iniciado em 2011 - mas nesse exercício a actividade voltou a agravar os prejuízos para 40,2 milhões, quase o dobro das perdas registadas um ano antes (2014).

Segundo o relatório da TAP SGPS de 2016, a participada brasileira “prosseguiu na consolidação dos seus resultados operacionais e económicos”, referindo um crescimento das vendas relativamente a 2015 em cerca de 25% e tendo, “pela primeira vez, sido ultrapassado o orçamento”. Mas o facto é que a ex-VEM continua sem conseguir o equilíbrio financeiro que a administração de Fernando Pinto esperava aquando a compra da empresa, recorda a Lusa.

A TAP anunciou, recentemente, que vai dar início a “um programa de redesenho da sua estrutura organizacional com o objectivo de obter ganhos de eficiência e agilidade”, o que passará pela abertura de um programa de rescisões por mútuo acordo e, ao mesmo tempo, pela criação de cerca de 200 postos de trabalho.

Em comunicado citado pela Lusa, a TAP realça que "a capitalização realizada pelos novos accionistas”, Humberto Pedrosa e David Neeleman, permitiu em 2016 "fortes investimentos na companhia", dos quais destaca a criação da TAP Express (marca que substituiu a Portugalia) e "a renovação total da frota regional, que passou de uma das mais antigas da Europa para a mais jovem a operar no continente europeu, o arranque da ponte aérea entre Lisboa e o Porto" ou ainda "o início da renovação dos interiores da frota Airbus".

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