Portugal gastou 13 mil milhões de euros na banca

País é o sexto país da União Europeia que mais injectou nos bancos, de acordo com os cálculos do INE.

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Despesa só não foi maior porque o Novo Banco e CGD foram adiados para 2017 Sandra Ribeiro/Arquivo

Os contribuintes portugueses suportaram um custo líquido com a ajuda à banca e restante sector financeiro no valor de 12,9 mil milhões de euros – o equivalente a 7% do produto interno bruto (PIB a preços de 2016) entre 2007 e final do ano passado – indicam dados novos apurados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), citados pelo Dinheiro Vivo (Jornal de Notícias e Diário de Notícias) esta segunda-feira.

A factura de quase 13 mil milhões de euros sobrecarregou directamente o défice e forçou a tomada de muitas medidas de austeridade (como cortes de salários, apoios e pensões e, enormes aumentos de impostos). A despesa do país foi a sexta mais pesada dos 28 Estados da União Europeia analisados, incluindo a do Reino Unido, cuja economia é 13 vezes superior à portuguesa e que teve de suportar a falência de dois bancos relativamente grandes: Northern Rock e Bradford & Bingley. Atrás de Portugal ficaram a Irlanda, Espanha, Alemanha, Grécia e Áustria.

No último ano, o prejuízo imputado ao défice por causa dos apoios públicos ao sector financeiro foi de apenas 380 milhões de euros, com grande parte a corresponder ao BPN.

A despesa só não terá sido maior porque quer a venda do Novo Banco quer a recapitalização da Caixa Geral de Depósitos foi deixada para este ano, o que poderá conduzir, de novo, a uma pressão sobre o défice e a dívida, num contexto de negociações duras com a Comissão Europeia e o Eurostat.

De acordo com o Eurostat, Portugal perde muito mais dinheiro do que a maioria dos outros países por causa dos juros, por exemplo.

As ajudas ao sector financeiro implicam a disponibilização pelo Estado de vários instrumentos – nacionalização (como no caso do BPN), injecções de capital puro ou empréstimos (como nos casos CGD, Banif e Novo Banco), prestação de garantias simples (como no caso do BPP) ou injecções de capital híbrido (CoCos, obrigações que se converteriam em capital se não fossem pagas a tempo, como foi o caso de BCP, BPI e CGD), escreve o Dinheiro Vivo.

Os números apontados pelo INE diferem, no entanto, da estimativa feita em 2015 pelo Banco Central Europeu, que contava 19,5 mil milhões gastos pelo Estado português entre 2008 e 2014, o correspondente a 11,3% do PIB. Já em 2015, o Tribunal de Contas estimava que a mesma despesa, entre 2008 e 2015, rondaria os 14 mil milhões de euros, em injecções de capital e empréstimos. 

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