Portugal emite dívida de curto prazo com juros negativos

Tesouro obteve 1300 milhões de euros, mais do que o previsto. Dívida a três meses regista taxa de -0,108%.

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O IGCP previa financiar-se entre 750 milhões e 1000 milhões de euros, acabando por emitir 1300 milhões Patrícia de Melo Moreira

O Tesouro português foi ao mercado esta manhã emitir dívida pública de curto prazo, conseguindo financiar-se em 1300 milhões de euros com taxas de juro mais baixas, entre títulos que vencem dentro de três meses e bilhetes com maturidade de 11 meses.

Na dívida a amortizar em Novembro, 400 milhões de euros, a operação registou um mínimo histórico, com a taxa de juro negativa a baixar para -0,108%. Neste caso, os investidores que procuraram a dívida portuguesa aceitaram emprestar ao Estado português mais do que o montante que lhes vai ser reembolsado dentro de três meses, se até lá mantiverem em carteira estes títulos.

A redução das taxas, frisa o director da gestão de activos do Banco Carregosa, Filipe Silva, seguiu “a tendência das emissões que já estão no mercado” e no caso da dívida portuguesa a três meses, o valor já estava em terreno negativo desde 14 de Julho.

Nos bilhetes com prazo de 11 meses, a reembolsar pelo Estado em Julho de 2017, o Tesouro financiou-se em 900 milhões de euros, também com juros mais baixos. A taxa média foi de 0,007%.

A Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública – IGCP tinha previsto ir levantar ao mercado entre 750 milhões e 1000 milhões de euros na emissão desta quarta-feira, mas acabou por emitir mais 300 milhões do que o valor indicativo.

A procura foi mais do dobro da oferta na linha de financiamento a três meses (superou-a 2,3 vezes) e na dívida a 11 meses o apetite dos investidores também se fez notar, quase dobrando a oferta (a procura foi 1,96 vezes a oferta).

Para Filipe Silva, as declarações feitas na terça-feira por um analistas da agência de rating DBRS sobre o fraco crescimento da economia portuguesa (progressão em cadeia de 0,2% do PIB português no segundo trimestre) e o nível da dívida pública não se reflectiram na emissão de dívida de hoje. “Não verificamos qualquer interferência do alerta feito esta semana pela agência de rating canadiana DBRS à dívida portuguesa. Os leilões de hoje foram positivos para o país que, mais uma vez, vou baixar o custo médio da dívida”, sublinha, num comentário enviado às redacções.

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